Num texto publicado hoje no jornal britânico Daily Telegraph, Boris Johnson declara que os "dirigentes ocidentais" cometeram um "erro terrível" ao permitirem que o presidente russo, Vladimir Putin, não tivesse sido afetado após a anexação da Crimeia em 2014 e pela "grande dependência" do gás e do petróleo russos.
"Quando ele [Vladimir Putin] lança uma guerra cruel contra a Ucrânia sabe que o mundo vai fazer pouco para o punir. Ele sabe que criou uma dependência [dos hidrocarbonetos]", acrescenta o primeiro-ministro britânico.
"O mundo não pode ficar submetido a esta chantagem permanente", sublinha Johnson frisando que é "preciso pôr fim" à dependência da Rússia.
Os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram bloquear as importações de gás e petróleo da Rússia, enquanto a União Europeia - mais dependente - está a organizar-se para reduzir dois terços as compras do gás a Moscovo.
Afirmando que a "Rússia de Vladimir Putin" não produz "praticamente mais nada" que o mundo queira comprar, Johnson defende que se o mundo acabar com a dependência em relação ao petróleo e aos gás da Rússia a estratégia de Moscovo fica sem financiamento e nesse sentido pode ser "destruída".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.???????
A próxima visita de Boris Johnson à Arábia Saudita tem como objetivo reduzir a volatilidade dos preços da energia para as empresas britânicas contrariando a "dependência" em relação à energia russa.
Por outro lado, a posição do primeiro-ministro sobre a energia é criticada pelos defensores dos direitos humanos, sobretudo depois da execução de 81 pessoas condenadas à morte na Arábia Saudita.
Londres conta apresentar nas próximas semanas a estratégia governamental sobre a segurança energética através do investimento nas energias renováveis e pela exploração de hidrocarbonetos no Mar do Norte no sentido de reduzir a dependência do Reino Unido e cumprir, ao mesmo tempo, a meta sobre as emissões de carbono (até 2050).
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