"Toda a atenção do mundo está neste momento virada para a Ucrânia", comentou, em declarações à Agência France-Presse na capital afegã, onde começou, na segunda-feira, uma visita de quatro dias ao país, onde a fome ameaça 23 milhões de afegãos, 55% da população.
Grandi salientou que o propósito da visita é chamar a atenção para outras situações de crise no mundo, onde são necessários recursos, "e o Afeganistão é um deles".
"Os riscos de desviar as atenções são muito elevados. A ajuda humanitária deve ser prestada, e pouco importa o número de outras crises em concorrência com o Afeganistão", acrescentou o alto responsável.
Desde a chegada ao poder dos talibãs em agosto do ano passado, o Afeganistão mergulhou numa profunda crise financeira, agravando uma situação humanitária que já era desastrosa após quatro décadas de conflitos e secas.
A ajuda internacional, que financiava cerca de 75% do orçamento afegão, começa a retomar lentamente, depois ter sido completamente congelada com a situação política do país.
Em fevereiro, a ONU lançou o maior apelo de sempre de ajuda para um só país, no valor de cinco mil milhões de dólares, para evitar uma catástrofe humanitária no Afeganistão.
"As necessidades continuam a ser as mesmas", salientou Filippo Grandi, apelando a uma "continuação da resposta generosa" para o país.
Desde o verão de 2021, cerca de 200 mil pessoas foram deslocadas no interior do território e voltaram às suas casas graças à melhoria da segurança, acrescentou o responsável da ONU.
As mulheres são alvo de fortes restrições pelo regime talibã, sendo excluídas dos empregos no setor público.
Leia Também: Ucrânia. Número de refugiados atinge as 875 mil pessoas