"Temi pela vida". Estudante palestiniano recorda momento que deixou Kyiv

Contabilizavam-se cerca de 2.400 palestinianos da Cisjordânia a viver na Ucrânia antes da guerra.

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Notícias ao Minuto
17/03/2022 16:31 ‧ 17/03/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Rússia

O estudante universitário palestiniano Mohammad Hafith relembra o momento em que fechou a porta do seu apartamento na capital ucraniana, Kyiv, e partiu sem destino, deixando os seus dois gatos na rua. “Dei-lhes toda a comida que tinha em casa e fui embora. Não sei o que lhes aconteceu”, lamentou, com lágrimas nos olhos.

Segundo a Al Jazeera, Mohammad também deixou para trás toda a sua roupa, livros e outros pertences que foi juntando ao longo dos cinco anos em que estudou na Ucrânia. O jovem, de 23 anos, iria formar-se em maio em direito internacional, mas foi forçado a deixar o país juntamente com vários parentes quando a guerra começou, no dia 24 de fevereiro.

Mohammad fazia parte dos 2.400 palestinianos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, ocupadas por Israel, que vivem na Ucrânia, incluindo 400 estudantes, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestiniana.

“Realmente temi pela vida”, disse Mohammad à Al Jazeera, já na sua casa nos arredores da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia ocupada. Confessou que não esqueceu o som dos bombardeamentos que se ouviam em Kyiv quando ainda lá estava, admitindo que ficou em casa nos primeiros dias da invasão à espera que terminasse. Contudo, percebeu que o ataque russo se encontrava cada vez mais perto da casa que dividia com a irmã, o cunhado e os sobrinhos. 

Quando teve início o conflito, a irmã e os filhos estavam a visitar a família na Palestina, por isso, apenas ele e o cunhado refugiaram-se num hospital próximo, até chegar à conclusão que o melhor seria partir. Enquanto o cunhado optou por ficar, Mohammad deixou Kyiv com outros parentes e entrou num comboio para a cidade de Lviv, no oeste, onde se encontraram com outros 15 palestinianos.

Depois de se coordenar com a embaixada da Palestina, o grupo foi em vários táxis até o ponto mais próximo possível da fronteira com a Roménia e caminhou durante por horas antes de conseguir atravessar – uma jornada de 16 horas.

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