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Índia compra petróleo russo e rejeita "politizar" questões de energia

Responsáveis do governo indiano defenderam hoje a compra de petróleo russo, argumentando que os países europeus continuam a comprar hidrocarbonetos a Moscovo e que os preços do crude deixam pouca escolha.

Índia compra petróleo russo e rejeita "politizar" questões de energia
Notícias ao Minuto

17:35 - 18/03/22 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

"As transações energéticas legítimas da Índia não devem ser politizadas", afirmaram fontes do governo indiano, sublinhando que o país "depende fortemente das importações para satisfazer as suas necessidades energéticas".

Nos últimos dias, as refinarias de petróleo indianas terão, segundo a imprensa, comprado vários milhões de barris de petróleo russo a preços de desconto.

"Os desenvolvimentos geopolíticos colocaram desafios significativos à nossa segurança energética. Por razões óbvias, tivemos de deixar de nos abastecer no Irão e na Venezuela. As fontes alternativas têm vindo muitas vezes a um custo mais elevado", disse um responsável governamental, sob condição de anonimato.

De acordo com os meios de comunicação locais, Nova Deli tem estado a trabalhar num mecanismo de conversão entre rublos e rupias, para ajudar a financiar as importações de petróleo, evitando ao mesmo tempo denominar as transações em dólares norte-americanos, numa altura em que a Rússia está sujeita a fortes sanções dos Estados Unidos e outros países ocidentais.

Funcionários do governo indiano disseram hoje à France-Presse que a Índia importa quase 85% das suas necessidades de crude, com o petróleo russo a representar uma quota "marginal" de menos de 1%.

A Índia é o terceiro maior consumidor mundial de crude.

"Os países autossuficientes em petróleo ou os que importam da Rússia não podem defender de forma credível as restrições comerciais", acrescentou a mesma fonte, referindo-se respetivamente aos Estados Unidos e aos países europeus.

A Casa Branca disse esta semana que a compra de petróleo por parte da Índia não parecia constituir uma violação das sanções norte-americanas.

Os preços do petróleo já tinham subido acentuadamente antes da invasão da Ucrânia, afetando os consumidores indianos.

"Somos um país relativamente pobre e os preços do petróleo importam muito: eleitoralmente, politicalmente, socialmente e de outras formas", sublinhou Lydia Powell, especialista em política energética da Observer Research Foundation (ORF), um grupo de reflexão sediado em Nova Deli.

A Índia instou a Rússia e a Ucrânia a cessaram hostilidades, mas não condenou explicitamente a ofensiva russa, nem a apelidou de invasão.

Nova Deli e Moscovo mantêm laços estreitos desde a Guerra Fria e a Rússia continua a ser o maior fornecedor de armas da Índia.

Para além de petróleo e armas, a Índia importa fertilizantes e diamantes em bruto da Rússia.

No outro sentido, os indianos exportam produtos farmacêuticos, chá e café para a Rússia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: AO MINUTO: 816 mortos civis mortos; China quer trabalhar em prol da paz

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