"Devido à atividade russófoba dos ocidentais, esta estrutura (o Conselho da Europa) está a perder a sua razão de ser", lamentou num comunicado a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.
"Ao colocar o atendimento dos interesses do bloco acima dos seus próprios objetivos estatutários, o Conselho da Europa foi transformado num instrumento obediente da União Europeia, da NATO e dos seus satélites", prosseguiu.
A Rússia foi oficialmente expulsa na quarta-feira do Conselho da Europa, organização de que era membro desde 1996. A participação de Moscovo nos principais órgãos do Conselho estava suspensa desde 25 de fevereiro, o dia seguinte ao lançamento da ofensiva russa na Ucrânia.
"Esta expulsão não muda nada de fundamental para nós. Apenas nos dispensa de respeitar os procedimentos e obrigações residuais que nos eram impostos", acrescentou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
"A Rússia não aceita lições de Bruxelas em matéria de direitos humanos", sublinhou, acusando a UE de "negociar exceções, isenções e privilégios" quanto aos valores que defende, "como numa feira".
Observador dos direitos humanos na Europa, o Conselho da Europa, criado em 1949, reunia até agora a quase totalidade dos Estados do continente, 47 no total, entre os quais a Ucrânia, desde 1995, e a Rússia, desde 1996.
A saída da Rússia da organização faz temer uma degradação da situação em matéria de direitos humanos no país, já frequentemente acusado de irregularidades por organismos internacionais.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de 5,2 milhões de pessoas, mais de 3,2 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 23.º dia, causou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças.
Leia Também: Putin acusa a Ucrânia de "vários crimes de guerra"