A liturgia pela paz foi celebrada ao mesmo tempo na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e em Fátima (Portugal), onde Francisco enviou o cardeal Konrad Krajewski, como Legado Pontifício, tendo o Papa pedido também, numa carta a todos os bispos e fiéis do mundo, que se juntassem ao ato.
"Hoje em dia, notícias e imagens de morte continuam a entrar nas nossas casas, enquanto as bombas destroem as casas de tantos dos nossos indefesos irmãos e irmãs ucranianos", disse o pontífice na homilia.
"A guerra atroz que foi infligida a muitos e que faz com que todos sofram, provoca em cada um o medo e a aflição. Vivemos dentro de nós uma sensação de impotência e incapacidade", acrescentou.
O Papa afirmou que "as garantias humanas não são suficientes" e que é precisa "a presença de Deus, da certeza do perdão divino, o único que elimina o mal, desarma o ressentimento e restaura a paz ao coração".
As pessoas por si só, referiu, não podem "resolver as contradições da história" ou as do coração humano, pelo que precisam da "força sábia e gentil de Deus".
"Em união com os bispos e os fiéis do mundo", Francisco desejou "trazer ao imaculado Coração de Maria tudo o que estamos a viver, renovar-lhe a consagração da Igreja e da humanidade como um todo e consagrar-lhe, de uma forma particular, o povo ucraniano e o povo russo, que com carinho filial a veneram como mãe".
A Conferência Episcopal Ucraniana tinha pedido ao Papa que consagrasse ao Imaculado Coração de Maria os dois países "conforme solicitado pela Virgem Santíssima em Fátima", referindo-se às alegadas revelações a três jovens pastores na cidade portuguesa de Fátima, em 1917.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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