Expulsão de diplomatas por Berlim "deteriora" relações com Moscovo
A Rússia alertou hoje que o relacionamento com a Alemanha "vai deteriorar-se" ainda mais após a decisão "hostil" de Berlim de expulsar cerca de 40 diplomatas russos, iniciativa motivada pelo conflito na Ucrânia.
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Mundo Rússia/Ucrânia
"A redução infundada de pessoal diplomático nas missões russas na Alemanha estreitará o espaço para manter o diálogo entre os nossos países, o que levará a uma maior deterioração das relações russo-alemãs", referiu a embaixada da Rússia em Berlim, num comunicado divulgado na rede social Telegram.
O governo alemão declarou hoje 40 diplomatas russos da embaixada de Berlim 'persona non grata', instando-os a deixar o país, informou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock.
De acordo com um comunicado da diplomacia alemã, os diplomatas russos visados são pessoas que "trabalham dia a dia contra a nossa liberdade e contra a nossa coesão social", representando um regime de "incrível brutalidade", como ficou provado pelas imagens de crimes de guerra cometidos na cidade ucraniana de Bucha.
A Rússia negou hoje "categoricamente" as acusações de "massacre" e "genocídio" relacionadas com descoberta de um grande número de cadáveres de civis em Bucha, nos arredores de Kiev, e anunciou uma "avaliação judicial da provocação" ucraniana.
A embaixada russa na Alemanha juntou-se também às rejeições do Kremlin e criticou as "acusações unilaterais" de Berlim à Rússia.
"[O governo alemão] apressou-se a ficar do lado de Kiev, sem sequer esperar por uma investigação independente sobre os eventos em Bucha", atirou a embaixada russa.
O comunicado da diplomacia russa em Berlim confirmou ainda que foram expulsos 40 membros da sua representação diplomática, informação avançada pela agência France-Presse (AFP).
Também hoje a França divulgou que vai expulsar 35 diplomatas russos "cujas atividades são contrárias aos interesses" do país, dentro de uma "abordagem europeia", revelou à AFP fonte próxima do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Vários países europeus já tomaram medidas semelhantes face a diplomatas russos.
Em 29 de março, a Bélgica anunciou a expulsão dias de 21 pessoas que trabalhavam para a embaixada e consulado russos, suspeitas de envolvimento "em operações de espionagem e influência que ameacem a segurança nacional".
No mesmo dia, os Países Baixos revelaram a expulsão de 17 pessoas "credenciadas como diplomatas nas representações russas" nos Países Baixos, mas que estavam "secretamente ativas como agentes de inteligência".
A Polónia anunciou em 23 de março a expulsão de 45 "espiões russos disfarçados como diplomatas", segundo divulgou o ministro do Interior polaco, Mariusz Kaminski.
A Irlanda também indicou que vai expulsar quatro diplomatas russos, a Bulgária onze, a República Checa um e os três países bálticos dez.
A Lituânia adiantou hoje que vai expulsar o embaixador russo em Vilnius "em resposta à agressão militar da Rússia contra a soberania da Ucrânia e às atrocidades cometidas pelas forças armadas russas em várias cidades ucranianas ocupadas, incluindo o horrível massacre de Bucha".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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