O Alto Representante da UE para a Política Externa participou hoje num diálogo com os eurodeputados do Parlamento Europeu sobre a nova estratégia de Defesa da comunidade europeia, chamada "bússola estratégica".
Sobre a invasão russa da Ucrânia, Borrell lembrou que a UE pretende destinar 1.000 milhões de euros de ajuda militar para apoiar a Ucrânia na defesa do seu território.
Esta quantia, serve prioritariamente para fornecer "armas leves defensivas", que "demonstraram extraordinária eficácia", contra as forças russas, salientou o diplomata espanhol.
Josep Borrell referiu que a Ucrânia inventou uma nova forma de fazer guerra, com unidades de infantaria ligeiras, posicionadas nas vias de comunicação, atuando "um pouco como uma velha guerrilha, mas com armas altamente sofisticadas", o que tem dado "bom resultado" para travar as colunas blindadas do Exército russo.
O chefe da diplomacia europeia precisou ainda que visto a UE não possuir uma reserva de armas, os Estados-membros disponibilizaram os seus equipamentos.
Por outro lado, Borrell salientou que "não há alternativa à NATO" para a defesa da Europa, nem do ponto de vista financeiro, considerando que a Aliança Atlântica "continua a ser um instrumento fundamental para garantir a defesa do território europeu".
No entender do diplomata, com o atual contexto os "medos" foram dissipados e foi alcançada uma aproximação entre a NATO e a UE.
"Não podemos esperar que o desdobramento militar dos EUA na Europa atenue as nossas deficiências, e é por isso que estamos a falar em reforçar as nossas capacidades militares, o que acontecerá alocando mais recursos à nossa capacidade defensiva", vincou.
"Desde a Segunda Guerra Mundial que nos acostumamos a viver sob o guarda-chuva dos EUA", atirou ainda, acrescentando que o cenário atual "é diferente e exige maior responsabilidade".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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