Papa defende que fluxos sejam preparados e não vistos como emergências

O Papa Francisco defendeu hoje que os fluxos migratórios sejam tratados de forma organizada e projetada internacionalmente, lamentando que os países encarem, muitas vezes, o fenómeno como uma situação de emergência.

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Lusa
06/04/2022 12:14 ‧ 06/04/2022 por Lusa

Mundo

Migrações

Francisco referiu o tema das migrações durante a sua audiência semanal, que foi também um dos temas em destaque na sua recente viagem à ilha de Malta, no Mediterrâneo.

"Obviamente, a receção [dos migrantes] deve ser organizada, deve ser conduzida, e antes, muito antes, deve ser planeada em conjunto, a nível internacional. Porque o fenómeno migratório não pode ser reduzido a uma emergência, é um sinal dos nossos tempos", considerou o Papa.

Francisco, que visitou o centro de acolhimento e migrantes 'João XXIII' durante a sua viagem a Malta, apelou para que se ouçam os testemunhos, porque "só assim se pode sair da visão distorcida que muitas vezes circula nos meios de comunicação e se reconhecem os rostos, as histórias, as mágoas, os sonhos e as esperanças".

"Cada migrante é único, é uma pessoa com a sua dignidade, as suas raízes, a sua cultura. Cada um é portador de uma riqueza infinitamente maior do que os problemas que o seu acolhimento possa implicar", lembrou.

O Papa agradeceu ainda ao povo polaco pelo acolhimento que tem dado aos refugiados ucranianos que fogem da guerra.

"Vocês demonstraram uma generosidade extraordinária e exemplar com os ucranianos, uma generosidade para com os nossos irmãos ucranianos, a quem vocês abriram os vossos corações e as portas das vossas casas. Obrigado, obrigado pela vossa generosidade", disse.

Segundo o relatório divulgado na terça-feira pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), cerca de 4,24 milhões de ucranianos fugiram do país desde a invasão da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, sendo que a maioria foi acolhida pela Polónia, onde já deram entrada 2.469.657 refugiados.

A ofensiva militar russa na Ucrânia já matou, pelo menos, 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, entre os que saíram do país e os deslocados internos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Papa segura bandeira que lhe foi enviada de Bucha e condena "massacre"

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