Papa defende que fluxos sejam preparados e não vistos como emergências
O Papa Francisco defendeu hoje que os fluxos migratórios sejam tratados de forma organizada e projetada internacionalmente, lamentando que os países encarem, muitas vezes, o fenómeno como uma situação de emergência.
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Mundo Migrações
Francisco referiu o tema das migrações durante a sua audiência semanal, que foi também um dos temas em destaque na sua recente viagem à ilha de Malta, no Mediterrâneo.
"Obviamente, a receção [dos migrantes] deve ser organizada, deve ser conduzida, e antes, muito antes, deve ser planeada em conjunto, a nível internacional. Porque o fenómeno migratório não pode ser reduzido a uma emergência, é um sinal dos nossos tempos", considerou o Papa.
Francisco, que visitou o centro de acolhimento e migrantes 'João XXIII' durante a sua viagem a Malta, apelou para que se ouçam os testemunhos, porque "só assim se pode sair da visão distorcida que muitas vezes circula nos meios de comunicação e se reconhecem os rostos, as histórias, as mágoas, os sonhos e as esperanças".
"Cada migrante é único, é uma pessoa com a sua dignidade, as suas raízes, a sua cultura. Cada um é portador de uma riqueza infinitamente maior do que os problemas que o seu acolhimento possa implicar", lembrou.
O Papa agradeceu ainda ao povo polaco pelo acolhimento que tem dado aos refugiados ucranianos que fogem da guerra.
"Vocês demonstraram uma generosidade extraordinária e exemplar com os ucranianos, uma generosidade para com os nossos irmãos ucranianos, a quem vocês abriram os vossos corações e as portas das vossas casas. Obrigado, obrigado pela vossa generosidade", disse.
Segundo o relatório divulgado na terça-feira pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), cerca de 4,24 milhões de ucranianos fugiram do país desde a invasão da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, sendo que a maioria foi acolhida pela Polónia, onde já deram entrada 2.469.657 refugiados.
A ofensiva militar russa na Ucrânia já matou, pelo menos, 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, entre os que saíram do país e os deslocados internos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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