Varsóvia diz que posição do PM húngaro põe em causa cooperação bilateral
O vice-primeiro-ministro polaco dirigiu hoje fortes críticas ao primeiro-ministro da Hungria, aliado de longa data, e advertiu que será impossível manter a cooperação se o líder húngaro insistir na sua posição relativamente à invasão russa da Ucrânia.
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Mundo Ucrânia/Rússia
Jaroslaw Kaczynski afirmou ter uma opinião "inequivocamente negativa" sobre a recusa de Viktor Orbán em condenar o líder russo, Vladimir Putin, pela invasão da Ucrânia ou em ajudar militarmente Kyiv, e ainda dizer que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é um dos seus "adversários".
Numa entrevista a uma rádio polaca, Kaczynski confessou que a atitude de Orbán é uma "desilusão" e "muito triste".
Estas críticas surpreenderam, após anos de estreita cooperação estratégica entre os Governos de direita da Polónia e da Hungria, que se têm apoiado mutuamente até em disputas com a União Europeia (UE), por vezes bloqueando decisões.
"Quando o primeiro-ministro Orbán diz que não consegue ver claramente o que aconteceu em Bucha [localidade ucraniana nos arredores de Kyiv], deve ser aconselhado a consultar um oftalmologista, e isso é uma desilusão", enfatizou Kaczynski na entrevista à rádio privada Plus.
Ainda assim, o representante admitiu a hipótese que a postura de Orbán possa estar ligada a uma "esperança de desempenhar um papel para pôr fim a este conflito (na Ucrânia)", o que considerou "um beco sem saída, totalmente".
Após a sua quarta vitória eleitoral, no fim de semana passado, Orbán disse que quer reforçar os laços de parceria com a Polónia e pôr fim à divisão sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. A Polónia está entre os mais fortes aliados de Kyiv.
Uma mudança nas relações seria uma "coisa boa", considerou o vice-primeiro-ministro polaco, mas "com a condição de Viktor Orbán mudar" porque, tal como as coisas estão agora, "não podemos cooperar".
Orbán condenou as ações da Rússia na Ucrânia, mas evitou mencionar Putin e tem recusado a aplicação de sanções da UE às importações de energia russas, das quais a Hungria depende fortemente.
A ofensiva militar russa na Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro, já matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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