EUA advertem para historial de brutalidade de russo à frente da guerra
Os Estados Unidos advertiram hoje que o novo general russo encarregado da guerra na Ucrânia, Alexandr Dvórnikov, tem um historial de "brutalidade contra civis" em cenários como a Síria, e previram que fará o mesmo em território ucraniano.
© REUTERS/Alexander Ermochenko
Mundo Rússia/Ucrânia
Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional do Presidente norte americano Joe Biden, salientou que a Rússia já cometeu "crimes de guerra" na Ucrânia antes da chegada de Alexandr Dvornikov, e que a sua chegada ao leme da ofensiva é um sinal de que "vai haver mais".
"Este general, em particular, tem um historial que inclui brutalidade contra civis noutros cenários, na Síria, e podemos esperar mais do mesmo neste cenário", disse Jake Sullivan numa entrevista à cadeia de televisão CNN.
Alexandr Dvornikov "será outro autor mais de crimes e brutalidade contra civis ucranianos", acrescentou o conselheiro.
O atual chefe do distrito militar do sul, que inclui a península ucraniana da Crimeia anexada por Moscovo, e comandante do contingente russo na Síria em 2015, um militar de carreira que começou como comandante de pelotão em 1982, e que esteve também na segunda guerra da Chechénia, é agora o primeiro responsável na cadeia de comando para dirigir a invasão, segundo fontes europeias e norte-americanas.
Alexandr Dvornikov tem, segundo especialistas, até 09 de maio, dia da vitória da URSS contra a Alemanha nazi, para tomar Donbass, no leste da Ucrânia, o principal objetivo da ofensiva russa na sua fase atual.
Em outra entrevista, para a cadeia CBS, Jake Sullivan foi questionado se a chegada de Alexandr Dvornikov quer dizer que fará o mesmo que na Síria e que aplicará uma "tática de terra queimada", que consiste em destruir indiscriminadamente tudo o que possa ser útil ao inimigo numa guerra.
"Já vimos táticas militares de terra queimada [na Ucrânia], vimos atrocidades e crimes de guerra e execuções em massa e imagens aterradoras e chocantes de locais como Bucha, e o ataque de mísseis a [estação de comboios em] Kramatorsk", disse Jake Sullivan.
E acrescentou: "Portanto, creio que este é um sinal de vamos ver mais disso".
O conselheiro do Presidente Joe Biden insistiu que os ataques a civis "estavam planeados" desde o início da invasão russa, mas admitiu ser possível que alguns soldados russos tenham cometido atrocidades sem ordens superiores, quando perceberam que não iam ter uma "vitória gloriosa".
"Penso que algumas destas unidades cometeram atos de brutalidade, atrocidades, crimes de guerra, sem ordens de cima", disse numa outra entrevista à cadeia ABC News, acrescentando que, no entanto, a responsabilidade global pelos crimes de guerra na Ucrânia "cabe ao Kremlin e cabe ao Presidente russo", Vladimir Putin.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre os quais 336 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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