"Com a reforma que vamos apresentar, a reforma eleitoral, alguns aspetos vão ser considerados para facilitar o que pode ser vinculativo. Consideramos que a afluência de 40% é muito elevada", realçou Andrés Manuel López Obrador em conferência de imprensa.
O México apostou no domingo pela continuidade do Presidente no cargo, mas a participação no referendo não chegou aos 20%, metade do que era necessário para tornar a consulta vinculativa.
Entre 90,3% e 91,9% dos eleitores participantes votaram a favor de que Andrés Manuel Lopez Obrador cumpra o mandato presidencial único, de seis anos, a terminar em 2024, disse o conselheiro presidente do Instituto Nacional Eleitoral (INE) mexicano, Lorenzo Córdova.
Apenas entre 6,4% e 7,8% dos eleitores votaram contra a continuação de Obrador, acrescentou.
O INE anunciou uma taxa de participação entre 17% e 18,2% dos 93 milhões de eleitores mexicanos.
O Presidente do México comemorou a "vitória" numa consulta inédita sobre a revogação do mandato presidencial que mobilizou 15 milhões de eleitores.
No entanto, o referendo popular deixa várias leituras, visto que a oposição apelou a um boicote ao ato eleitoral e ao facto de a consulta não ter atingido os 40% de percentagem mínima necessária para que seja vinculativa.
López Obrador sublinhou hoje que embora muitas pessoas tenham participado do referendo de domingo, a percentagem de participação não ultrapassou os 18%.
E defendeu a redução da percentagem para que seja vinculativo dos 40% "para os 30% e se possível para 20%".
O chefe de Estado mexicano frisou também que "deve levar-se em conta" que apenas um terço das mesas eleitorais foram instaladas.
"Em 2018 foram instaladas cerca de 160.000 mesas e agora eram 56.000, 57.000, um terço", assinalou.
López Obrador acusou ainda o INE de ter realizado um boicote para impedir a participação dos mexicanos.
"Com todas as armadilhas ou boicote do INE, que não se esforçou em colocar assembleias de voto em todos os locais, houve municípios que não tiveram assembleias de voto. Na minha cidade (...) Tepetitán, não instalaram caixas, instalaram-nas a 30 ou 40 quilómetros de distância", atirou.
Segundo López Obrador, o INE alegou falta de verbas para promover uma consulta melhor.
Mas defendeu que esta consulta foi "um sucesso total" e algo sem precedentes na história do México.
"O povo agiu com grande responsabilidade, milhões de mexicanos. Estamos diante de um evento histórico, é algo sem precedentes na história do nosso país, pela primeira vez é feita uma consulta aos cidadãos para que eles decidir sobre o governo do Presidente", vincou.
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