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Ucranianos em Portugal unidos no apelo à paz na Ucrânia

Os imigrantes ucranianos em Portugal apelaram para a procura de diálogos construtivos e para o não recurso à violência como solução para a "grave crise internacional" na Ucrânia, numa declaração que colocou a uma só voz uma comunidade dividida.

Ucranianos em Portugal unidos no apelo à paz na Ucrânia
Notícias ao Minuto

19:51 - 01/04/14 por Lusa

Mundo Diálogo

Esta posição foi assinada por sete associações de imigrantes ucranianos, que compõem a segunda maior comunidade de estrangeiros em Portugal, mediante a intermediação do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), revelou hoje a alta comissária, Rosário Farmhouse, no parlamento.

"Considerando a grave crise internacional que se vive atualmente na Ucrânia", os imigrantes ucranianos apelam aos líderes mundiais para que procurem "caminhos de diálogos construtivos para a paz e a tolerância, evitando, sob qualquer pretexto, o recurso à violência ou à violação dos direitos humanos", lê-se na declaração.

As associações também pedem à comunicação social que transmita "informações isentas e imparciais na análise complexa da situação política do país".

O documento, assinado no dia 14 de março, é subscrito pela AAI - Associação de Apoio ao Imigrante, pela AMIZADE - Associação Imigrantes de Gondomar, pela Associação dos Ucranianos em Portugal, pela Associação MIR, pela CAPELA - Centro de Apoio à População Emigrante de Leste Europeu e Amigos, pela EDINSTVO - Associação dos Imigrantes dos Países do Leste e pelo MCUP - Movimento Cristão Ucranianos em Portugal.

Numa audição sobre a situação da comunidade ucraniana em Portugal na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, a responsável do ACIDI explicou que a comunidade ucraniana, em Portugal há pouco mais de uma década, reflete as mesmas divisões que a sociedade ucraniana, entre os que são pró-Rússia, pró-Ucrânia ou os que defendem a "Ucrânia pura", mais ligados a partidos de extrema-direita.

"Neste momento mais quente e preocupante da história da Ucrânia e da Rússia, mas com impacto no mundo inteiro, o sentimento de pertença tem-se refletido na comunidade ucraniana em Portugal", disse Rosário Farmhouse.

A alta comissária manifestou-se confiante que as "divergência hão de acalmar" se for possível "manter este patamar superior de valores que unem todos, como a paz, os direitos humanos, a liberdade de expressão".

Na audição, a representante ucraniana no Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI), Valentina Vassilenko, lamentou as divergências que atingem a comunidade ucraniana e defendeu que as associações devem manter-se à margem de questões políticas.

O presidente da comissão de Negócios Estrangeiros, Sérgio Sousa Pinto, afirmou que "toda a comunidade, seja falante de russo ou de ucraniano, é bem-vinda em Portugal" e sublinhou que a Assembleia da República pretende "concorrer para que prevaleça um ambiente de paz e de concórdia entre todos os membros desta comunidade em Portugal".

A deputada comunista Carla Cruz questionou quais as atuais condições de vida dos ucranianos, face à crise que o país atravessa, ao que a alta comissária respondeu que a comunidade tem estado estabilizada, mas nos últimos meses têm crescido os pedidos de pessoas "que querem mandar vir os pais".

"À semelhança do que os portugueses enfrentam, a comunidade ucraniana também sente o desemprego", disse, apontando a existência de cerca de 5.400 inscritos nos centros de emprego.

Pelo PS, Paulo Pisco considerou ser "preocupante esse contencioso entre a comunidade mais russófona e a comunidade mais ucraniana", mas destacou que "os ucranianos são muito bem vistos em Portugal, sendo uma comunidade muito bem integrada, com muito bons resultados na escola e muito trabalhadora".

O social-democrata Duarte Marques disse que o Governo e o Estado português olham "com preocupação" para a atual crise na Ucrânia, após a deposição do Presidente Viktor Ianukovich e a anexação da república ucraniana da Crimeia pela Rússia, enquanto Filipe Lobo d'Ávila (CDS-PP) destacou que a comunidade está "perfeitamente enraizada" em Portugal.

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