"As negociações são extremamente difíceis", indicou Podoliak numa mensagem aos 'media', ao lamentar que "a parte russa mantenha as suas tradicionais táticas de pressão pública sobre o processo de negociações, em particular através de certas declarações".
"É óbvio que o lado emocional no processo é hoje muito significativo", comentou, ao precisar que "a delegação ucraniana trabalha exclusivamente num quadro pró-ucraniano e transparente".
As discussões entre as duas partes vão prosseguir "de forma virtual", precisou Mykhailo Podoliak.
De acordo com as autoridades ucranianas, centenas de corpos de civis foram detetados nos últimos dias nas povoações em torno de Kyiv, incluindo Bucha e Iprin, após a retirada das tropas russas desta região, no final de março.
Moscovo nega qualquer envolvimento e refere-se a uma "encenação" orquestrada pelos ucranianos e destinada a ofender o lado russo.
Pouco antes destas declarações, o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha denunciado a "falta de coerência" dos negociadores ucranianos que, na sua perspetiva, estão a impedir um acordo entre Kyiv e Moscovo para pôr termo à ofensiva russa na Ucrânia.
"Não existe qualquer dúvida [que os objetivos russos serão concretizados], eles são absolutamente claros e nobres (...). O objetivo principal consiste em ajudar as populações do Donbass", no leste da Ucrânia, onde se situam as autoproclamadas repúblicas populares russófonas de Donetsk e Lugansk, reafirmou, no decurso de uma deslocação ao extremo-oriente russo.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 1.842 civis, incluindo 148 crianças, e feriu 2.493, entre os quais 233 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de quase 12 milhões de pessoas, das quais 4,6 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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