Olena Zelenska, a primeira-dama da Ucrânia, deu uma entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, por email, onde contou tudo o que mudou na sua vida e na do seu país desde a invasão russa. Afirmando que a guerra é como "andar na corda bamba", acrescentou que não vê o marido há mais de um mês, comunicando com Volodymyr apenas por chamada.
"[A guerra] é como andar na corda bamba: se começamos a pensar como se faz, perde-se tempo e equilíbrio", começou por vincar à CNN, asseverando: "Para aguentar, só devemos seguir em frente e fazer o que faz. Da mesma forma, tanto quanto sei, todos os ucranianos aguentam".
E mais. "Muitos daqueles que escaparam sozinhos dos campos de batalha, que viram a morte, dizem que a principal cura depois da experiência é agir, fazer alguma coisa, ajudar alguém", ressalvou Olena Zelenska.
A primeira dama explicou ainda, na mesma entrevista, que a sua prioridade tem sido ajudar mulheres e crianças no país, particularmente as mais vulneráveis, nomeadamente os menores com cancro, deficiência ou órfãos. Tem também tentado apoiar recém-nascidos em "cidades que estão a ser bombardeadas pelos russos".
Numa perspetiva mais pessoal, a jornalista Christiane Amanpour questionou Olena Zelenska se tem conseguido ver o marido desde que o conflito começou. "O Volodymyr e a sua equipa moram no escritório do presidente. Devido ao perigo, os meus filhos e eu fomos proibidos de ficar lá. Assim, há mais de um mês, comunicamos apenas por telefone".
Já sobre a força e resiliência que o marido tem demonstrado durante a guerra, Zelenska foi taxativa: "Sempre soube que ele era e seria um suporte confiável para mim. Depois, ele tornou-se num pai maravilhoso. Agora, mostrou as mesmas características. Não mudou. Só mais pessoas o viram através dos meus olhos".
Questionada acerca de como é viver sendo 'apontada' como o segundo alvo dos russos - após o seu marido - a primeira dama desmistificou. "Se olharmos de perto, fica claro que todos os ucranianos são um alvo para os russos: todas as mulheres, todas as crianças".
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. Após 49 dias de invasão, a guerra causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.
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