Autoridades de Mariupol acusam russos de exumar e cremar corpos de civis
Os ucranianos acreditam que russos estão a tentar esconder provas das atrocidades cometidas na cidade.
© ALEXANDER NEMENOV/AFP via Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
As autoridades de Mariupol acusaram, esta sexta-feira, as tropas russas de exumar os corpos de civis mortos em Mariupol, devido ao longo cerco à importante cidade portuária no sudeste da Ucrânia.
Numa mensagem no Telegram, citada pela Sky News, o conselho da cidade afirmou que os russos estão a desenterrar corpos que foram enterrados por familiares nos seus terrenos.
"Em cada quintal há alguém a supervisionar, não deixando que os residentes de Mariupol deem à terra os seus familiares mortos", afirmaram.
Os ucranianos acreditam que esta ação serve para esconder as atrocidades cometidas em Mariupol - tanto o governo ucraniano como várias organizações humanitárias na região alertaram que o cenário em Mariupol é muito mais devastador do que o encontrado em Bucha e em outros arredores de Kyiv.
Apesar da Ucrânia informar que há 13 crematórios móveis em Mariupol, o comunicado das autoridades em Mariupol ressalva que os motivos para esta exumação são desconhecidos, assim como o destino dos corpos.
Apesar das suspeitas de encobrimento, o comunicado acrescenta que os russos "não terão sucesso" e que "o mundo inteiro está a ver os vários crimes cometidos pelo exército russo em Mariupol".
No início da semana, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que há dezenas de milhares de mortos em Mariupol. A Ucrânia continua a não entregar a cidade aos russos, e o cerco torna-se cada vez mais agonizante para as milhares de pessoas ainda presas no interior e sem acesso aos corredores humanitários que tem sido criados.
A cidade é um importante ponto estratégico da perspetiva da Rússia, pois uma tomada de Mariupol permitiria ligar a região da Crimeia (ocupada desde 2014) ao território russo.
Morreram quase 2.000 pessoas desde o início da guerra, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. A ONU alerta, no entanto, que o número real de mortos poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar os mortos em regiões cercadas ou bombardeadas pelos russos.
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