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França. Maioria de apoiantes de Mélenchon votará em branco ou abstém-se

Cerca de 67% dos inquiridos numa consulta a simpatizantes do partido França Insubmissa, do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, afirma que se absterá ou o votará em branco ou nulo na segunda volta das eleições presidenciais francesas, foi hoje divulgado.

França. Maioria de apoiantes de Mélenchon votará em branco ou abstém-se
Notícias ao Minuto

11:54 - 17/04/22 por Lusa

Mundo França/Eleições

A consulta foi realizada pelo partido de Jean-Luc Mélenchon, candidato eliminado na primeira volta das presidenciais, a 10 de abril.

O esquerdista teve mais de 7,7 milhões de votos, cerca de 400.000 menos que a candidata da extrema-direita Marine Le Pen.

De um total de 250.000 participantes na consulta, realizada 'online', 37,65% disseram que votarão em branco ou nulo, 33,40% votarão no liberal Emmanuel Macron e 28,96% vai abster-se.

O resultado desta consultada não significa uma disciplina de voto, uma vez que o partido garante que pretende que cada simpatizante vote em consciência, mas também admite que pretende analisar estes dados como indicadores da opinião dos seus militantes.

A opção de votar em Marine Le Pen não estava incluída na consulta, uma vez que o partido considera que os programas da candidata da extrema-direita contêm ideias "discriminatórias e racistas" e rejeita as posições do Grupo Nacional (antiga Frente Nacional).

No entanto, ainda segundo a consulta, um terço dos simpatizantes de Mélenchon admite votar em Le Pen no dia 24 de abril, o que é visto como um voto antissistema ou para castigar Macron.

As sondagens dão a Mácron uma vitória mais à justa face a 2017: 55,5% das intenções de voto na segunda volta e uma margem de erro de 3,3 pontos.

A movimentação do eleitorado de esquerda é considerada essencial para confirmar estes dados.

O líder da esquerda radical francesa apelou hoje ao seu eleitorado para que "não dê um único voto" a Marine Le Pen, mas isto sem instar diretamente ao voto em Macron.

"Há uma vontade de fazer frente à extrema-direita. Para alguns isto supõe votar em Macron e para otros é impossível dar votos ao presidente mais desigual da quinta República, com o qual temos diferenças de fundo, não só táticas", disse o deputado da França Insubmissa Éric Coquerel, à rádio France Info.

O partido de Mélenchon recebeu com "esperança" o resultado desta eleição presidencial, na qual ficou na terceira posição, estando dispostos a discutir com o Partido Comunista e com os ecologistas uma possível união nas eleições legislativas marcadas para junho, a partir da qual sairá a composição parlamentar.

Aproveitando a posição de força assegurada com o resultado da primeira volta, a presidente do grupo parlamentar do França Insubmissa, Mathilde Panot, referiu hoje, ao semanário Le Journal du Dimanche, que os líderes comunistas e ecologistas terão de dar explicações sobre os ataques feitos a Mélenchon durante a campanha eleitoral.

"Não pedimos uma desculpa pública, mas exigimos explicações. Antes éramos os amigos de Putin segundo [Yannick] Jadot, mas isso hoje não parece impedi-los de querer negociar connosco", disse Panot.

Comparando os 21,95% de votos em Mélenchon, nenhum outro partido de esquerda conseguiu superar a barreira de 5% que é, também, essencial para que o Estado francês reembolse os gastos feitos em campanha.

Panot descartou "definitivamente" qualquer possibilidade de colaboração com o Partido Socialista de Olivier Faure, cujo líder disse sábado que tinha "a mão estendida para um possível acordo".

"Anne Hidalgo [candidata socialista] não queria construir nada connosco. Tomamos nota dos seus ataques, bem como da sua recusa em fazer um balanço lúcido do mandato de cinco anos de François Hollande", referiu.

Leia Também: Milhares de franceses saem à rua contra extrema-direita

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