Faltam 9 dias para Melissa Lucio ser executada nos EUA. Conheça o caso
Kim Kardashian e o governo francês já pediram a revisão do polémico caso.
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Mundo Melissa Lucio
Melissa Lucio, uma méxico-americana de 53 anos, aguarda a execução pelas autoridades do Texas a 27 de abril, se o seu caso não for adiado ou, como exigem centenas de ativistas e a sua defesa legal, revisto.
A mãe de 14 filhos, sentenciada à morte pelo assassinato de sua filha de dois anos num polémico caso - desencadeou uma onda de solidariedade entre personalidades como Kim Kardashian -, que ultrapassa as fronteiras dos Estados Unidos.
Melissa é acusada de matar Mariah, uma das suas filhas, que tinha apenas dois anos de idade. Os acontecimentos ocorreram em 2007, na cidade de Harlingen, no condado de Cameron, Texas.
A menina morreu durante o sono, dois dias depois de, segundo a versão da família, ter caído de um lance de escadas numa altura em que foi deixada sem vigilância. A família, que na altura era constituída por Melissa, o seu marido Robert Antonio Álvarez e doze filhos (mais tarde nasceriam mais dois), vivia em condições de extrema pobreza, sem água ou eletricidade e com sérias dificuldades diárias.
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Mariah deixou de comer após a queda e morreu na cama dos seus pais. Os procuradores acusaram a sua mãe de homicídio involuntário com base numa confissão que ocorreu após um interrogatório de cinco horas, no qual Melissa negou a culpa mais de 80 vezes antes de dizer: "Não sei o que querem que eu diga. Acho que sou responsável".
Às três da manhã, realizou uma confissão "completamente extorquida", segundo Sabrina Van Tassel, diretora do documentário 'The State of Texas vs. Melissa', que estreou em 2020.
Essa confissão foi "a única (coisa) que tiveram contra (ela)", disse Van Tassel, convencida de que "não há nada que conecte Melissa Lucio com a morte de sua filha, não há DNA, não há testemunhas".
Os hematomas e contusões no corpo da criança levaram as autoridades a acreditar que se tratava de um episódio de abuso infantil. Para além dos vestígios no corpo de Mariah, os procuradores argumentaram que Melissa tinha anteriormente perdido a custódia outras crianças e que tinha um historial de consumo de drogas.
Nenhum dos filhos de Melissa a acusou de ser violenta. O promotor do caso foi condenado a prisão por corrupção e extorsão.
A defesa afirma que os investigadores não consideraram provas que demonstrassem que Mariah tinha problemas motores que poderiam ter causado a sua queda, e complicações circulatórias que explicariam os hematomas. Argumenta-se também que o facto de Melissa ter sido vítima de abuso desde os seis anos de idade - uma situação que se repetiu na sua vida adulta - a tornou particularmente vulnerável a um tratamento autoritário e agressivo como o que a acusação lhe aplicou.
O julgamento, em suma, durou mais de uma década e a condenação foi confirmada por vários tribunais do Texas. Mas em 2020, o documentário destacou as irregularidades em torno do veredicto e provocou uma onda de reações.
Celebridades como a influente Kim Kardashian (que estudou direito nos últimos anos e dá frequentemente a sua opinião sobre casos deste género nas suas redes sociais), o apresentador John Oliver, diferentes legisladores republicanos e democratas na legislatura do Texas e até o governo francês pediram que a execução fosse cancelada e que todo o processo fosse revisto.
A pressão pública já levou o atual procurador, Luis Saenz, a anunciar que tentará impedir a execução, mas tal ainda não foi confirmado.
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