New York Times denuncia uso de munições de fragmentação pela Ucrânia
Tropas ucranianas terão atingido uma aldeia em Donetsk ocupada pelos russos no início de março.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
Uma investigação do jornal norte-americano New York Times (NYT) denunciou a utilização de munições de fragmentação por tropas ucranianas, nomeadamente na aldeia de Husarivka, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
As bombas de fragmentação são um tipo de munição cujo uso é proibido segundo o direito internacional, devido ao elevado risco para a vida humana e para civis. As munições de fragmentação têm a particularidade de se dispersar no ar, provocando uma maior destruição.
O uso destas bombas pelas forças russas tem sido denunciado por grupos de direitos humanos e pelo governo ucraniano ao longo da invasão russa na Ucrânia, mas o Kremlin mantém a versão de que este tipo de armas não foi usado.
Desta vez, o NYT aponta que munições de bombas de fragmentação que foram encontradas na aldeia de Husarivka não foram disparadas pelos russos, mas sim pelos ucranianos, segundo provas verificadas pelo jornal.
As bombas terão sido usadas entre os dias 6 e 7 de março, enquanto os ucranianos tentavam retomar a região após a conquista russa no início de março. Segundo o jornal, o ataque não provocou mortos, apesar de outros bombardeamentos por tropas ucranianas terem feito dois mortos.
Acrescenta ainda a investigação do Times que este tipo de munição de fragmentação foi encontrada pelos jornalistas num pequeno bairro e alguns jardins de casas, numa zona ocupada pelas tropas russas. O tipo de munição usada destinava-se a infantaria e procurou atingir um quartel improvisado russo, mas os restos de fragmentação atingiram casas a algumas centenas de metros do alvo.
Cada míssil de fragmentação transporta 30 pequenas bombas, cada uma com uma capacidade destrutiva comparável a pouco menos que o dobro de uma granada de mão.
A confirmar-se por outras entidades oficiais, o uso de bombas de fragmentação e de arsenal cada vez mais pesado por parte das tropas ucranianas, retaliando contra o uso de armas de longo alcance pelos russos na renovada ofensiva no leste do país, poderá simbolizar uma maior agressividade por parte dos ucranianos na defesa do território.
A Convenção das Munições de Fragmentação de 2010 proibiu o uso destas armas devido ao risco que estas colocam para a população civil, mas apesar de 100 países terem ratificado o acordo, os Estados Unidos, a Ucrânia e a Rússia não o fizeram.
Apesar de ter sido a primeira vez que munições de fragmentação foram usadas pelos ucranianos desde o início desta invasão, o New York Times aponta que os ucranianos já tinham usado estas armas durante a guerra contra os separatistas russas no Donbass, em 2015.
A guerra na Ucrânia que se iniciou no dia 24 de fevereiro matou cerca de 2.000 pessoas, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, mas a organização alerta que o número real de mortos poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contar os mortos em cidades sitiadas e altamente bombardeadas pelo exército russo.
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