Ucrânia: Turquia diz que guerra deriva de inação do Ocidente na Síria

O Governo turco defendeu hoje que a indiferença do Ocidente perante as violações de direitos humanos na Síria lançou as bases para a atual guerra na Ucrânia causada pela invasão russa do país.

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Lusa
19/04/2022 19:18 ‧ 19/04/2022 por Lusa

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"De certa forma, o que está a acontecer hoje na Ucrânia é o resultado da falta de visão estratégica, clarividência e previsão e da indiferença do Ocidente", disse o diretor de comunicação do Governo turco, Fahrettin Altun, durante uma conferência em Ancara.

"No atual cenário, há uma séria responsabilidade do Ocidente, por ter fechado os olhos durante anos às sistemáticas violações de direitos humanos cometidas na Síria. As bases do caminho que levou à guerra na Ucrânia foram lançadas na Síria", acrescentou.

Altun defendeu que hoje não haveria guerra na Ucrânia "se tivesse sido feita uma verdadeira intervenção na tragédia que se vivia na Síria", noticiou a agência Anadolu.

Entre as "violações do direito internacional" na Síria, o diretor de comunicação do executivo turco mencionou o uso de armas químicas, bem como a "tentativa de alterar fronteiras" e a "instituição de um corredor de terror", numa aparente referência à tentativa de criar uma região autónoma curda em todo o norte do país, abortada pela intervenção militar turca.

O responsável não falou do apoio militar da Rússia ao regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, contra as milícias rebeldes, algumas das quais apoiadas pela Turquia, nem ao uso de armas químicas pelas forças governamentais, constatado por organismos internacionais.

Criticou ainda "a dupla medida" da Europa, ao abrir as portas aos refugiados ucranianos depois de as ter fechado aos sírios.

"Tão louvável é abrir os braços aos milhões de pessoas que fogem da Ucrânia, como é desumano abandonar os sírios à sua sorte", concluiu Altun.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 55.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.

Leia Também: UE desenvolve Fundo de Solidariedade para reconstrução da Ucrânia

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