Timor: Presidente eleito diz que quer honrar confiança do povo
O Presidente eleito timorense, José Ramos-Horta, disse hoje que vai trabalhar arduamente para honrar a confiança que a população de Timor-Leste depositou em si para liderar o Estado durante os próximos cinco anos.
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Mundo Ramos-Horta
"Foi uma grande lição democrática, uma fonte de inspiração para que trabalhe com todas as minhas capacidades para não falhar e não trair a confiança que o povo depositou em mim, a expetativa da população", afirmou Ramos-Horta hoje em Díli.
"O mundo vive neste momento vários problemas graves, mas pelo menos Timor-Leste mandou uma mensagem ao mundo de que a nossa democracia está forte", considerou.
Insistindo no compromisso de promover diálogos amplos com todos os setores políticos e sociais timorenses, "mas com objetivos concretos", Ramos-Horta disse que ainda antes de tomar posse vai dialogar com várias forças políticas.
"Não tenho inimigos. Temos adversários políticos e é assim que funciona a democracia: uma confrontação de ideias, de programas, um debate claro. Isso é a democracia numa sociedade livre", afirmou.
"E por isso vou procurar diálogo para restaurar a credibilidade da 'casa sagrada' que é o parlamento, respeitando a Constituição e o regimento", disse ainda.
Ramos-Horta disse receber o mandato que lhe foi confiado "com humildade e sentido de responsabilidade", comprometendo-se a atuar "respeitando rigorosamente a amplitude da Constituição e as suas restrições".
E vincou que um dos papeis mais importantes do Presidente é "promover o diálogo, a fraternidade, a reconciliação e a aproximação" entre os diferentes setores do país.
"Esse é o papel do chefe de Estado. Não pode ser alguém que pelas suas crenças pessoais, sejam políticas ou religiosas e pelos seus interesses político-partidários, a primeira pessoa a dividir a sociedade a dividir a nação", considerou.
"Procurarei via diálogo unir ainda mais este povo, segundo os princípios da nossa constituição do Estado de direito. Não dialogamos por dialogar, mas para encontrar soluções praticas para o povo", disse.
No seu primeiro discurso público desde que venceu as eleições, Ramos-Horta disse que é crucial, "normalizar a situação governativa para poder responder ao impacto económico", especialmente tendo em conta a grave situação internacional que se vive atualmente.
"O mundo está a enfrentar bastantes problemas e aqui, por vezes, não apreciamos a complexidade, dimensão e consequências dessa crise mundial", disse.
"Por isso temos que ter imaginação e criatividade para aproveitar bem o instrumento financeiro que temos para travar a recessão económica em Timor-Leste, onde a maior parte da economia é a economia de subsistência", considerou.
Na mesma ocasião, Xanana Gusmão aplaudiu a eleição e a forma ordeira e tranquila como decorreu a votação, agradecendo a todo o povo pela "maturidade política" que mostrou durante todo o período eleitoral.
"Eu não me sinto contente pela vitoria de José Ramos-Horta. Eu sinto-me contente porque o povo exerceu o seu direito, depositando confiança em Ramos-Horta. Contente porque, como explicou o José Manuel, Presidente eleito, esta foi uma grande lição de estabilidade, não violência durante o período eleitoral", afirmou.
"O povo decidiu que José Ramos-Horta vai ser Presidente para o período de 2022 a 2027. Esta é uma vitória do povo, uma decisão que prevalece, consolidando o Estado de Direito", afirmou.
Xanana Gusmão deixou ainda um apelo aos jovens de todo o país para que respeitem o resultado e agradeceu ainda a Ramos-Horta a sua disponibilidade para continuar a trabalhar.
"A eleição decorreu em paz e tranquilidade e temos que manter esse ambiente para responder aos muitos desafios que o país enfrenta. Desafios que exigem paz", afirmou.
"Agradeço ao doutor Ramos-Horta pela sua vontade de servir, de continuar a trabalhar para o país", disse ainda.
O Presidente eleito agradeceu ainda o apoio à sua candidatura dado por Xanana Gusmão e o seu partido, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), bem como de outros partidos, movimentos e vários grupos da sociedade civil
"Como Presidente eleito agradeço aos jovens, a todos que em todo o país ajudaram a fazer a campanha porta a porta em todo o país, de aldeia em aldeia", afirmou.
José Ramos-Horta falava ao lado de Xanana Gusmão numa conferência de imprensa na sede da campanha em Díli, depois de concluído o processo de escrutínio por parte do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Na segunda volta das eleições presidenciais em Timor-Leste, na terça-feira, José Ramos-Horta foi eleito Presidente, com 62,09% dos votos, derrotando o atual chefe de Estado timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, segundo resultados finais provisórios.
José Ramos-Horta irá tomar posse, pela segunda vez, a 20 de maio, data em que Timor-Leste celebra 20 anos da restauração da independência.
José Ramos-Horta foi porta-voz da resistência timorense durante a ocupação indonésia e em 1996 recebeu o Prémio Nobel da Paz em conjunto com o bispo timorense Ximenes Belo.
Depois da independência, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e Presidente de Tmor-Leste.
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