"Convido os dirigentes dos grupos armados ao diálogo", disse Min Aung Hlaing, num discurso transmitido pelos órgãos de comunicação social estatais, acrescentando que está disposto a encontrar-se pessoalmente com "todos" antes do dia 09 de maio.
Desde a independência de Myanmar, em 1948, que cerca de 20 fações étnicas se encontram em confronto com o executivo central, pretendendo alcançar mais autonomia e acesso às inúmeras riquezas naturais do país, incluindo o cultivo de ópio destinado ao tráfico ilegal de estupefacientes.
Em 2015, o exército estabeleceu um acordo nacional de cessar-fogo com dez grupos armados.
Mesmo assim, muitas dessas fações étnicas armadas voltaram a confrontar-se com os militares após o golpe de Estado de 01 de fevereiro do ano passado e que afastou do poder a Liga Nacional para a Democracia, partido liderado por Aung San Suu Kyi, que tinha vencido as eleições gerais do ano anterior.
A violência e a repressão dos militares têm sido uma constante no país desde o golpe de Estado, provocando centenas de milhares de deslocados, de acordo com as Nações Unidas.
Recentemente eclodiram confrontos na região de Sagaing, no norte, entre militares e membros das forças independentistas kachin, uma das fações mais ativas no país.
Registaram-se igualmente violentos combates no estado de Kayin, perto da fronteira com a Tailândia, onde os civis apoiam as ações da União Nacional Karen (KNU), o grupo rebelde mais antigo de Myanmar e representante da minoria étnica com o mesmo nome.
Em março, Min Aung Hlaing, que hoje se mostrou disposto a manter conversações de paz, prometeu "aniquilar" os oponentes num discurso durante o desfile anual do Dia das Forças Armadas.
De acordo com ativistas locais, mais de 1.800 pessoas morreram desde o golpe de Estado e cerca de 13 mil foram presas pelos militares.
A ONU já acusou a junta militar de "prováveis crimes de guerra e de crimes contra a humanidade".
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