Macron refreou gritos de vitória em Figeac
O candidato às presidenciais francesas Emmanuel Macron encerrou hoje a campanha eleitoral refreando gritos de vitória, numa cidade onde centenas de simpatizantes se concentraram na praça central prometendo mobilizar eleitores "até ao último segundo".
© Getty Images
Mundo presidenciais em França
Naquela que foi a sua última ação de campanha antes da segunda volta das eleições presidenciais francesas, que irá decorrer este domingo, Emmanuel Macron deslocou-se a Figeac, no departamento do Lot, onde o presidente da Câmara, André Mellinger, apesar de ser socialista, apelou ao voto em Macron este domingo.
Nas ruas sinuosas e estreitas de Figeac, onde os edifícios medievais são feitos de pedra e enxaimel, vários transeuntes começaram a convergir, por volta das 12:00, para a praça Carnot, no centro da cidade, para assistirem ao discurso do atual Presidente francês.
Sentado a um canto, de camisola rosa, Philippe, de 55 anos, que gere 'chalets' turísticos na localidade, quis vir ver Macron para "retribuir a honra" de o Presidente se deslocar, no último dia de campanha, àquela que apelida de "nossa bela e pequena cidade de Figeac".
"Eu apoio-o. Não tenho vontade nenhuma que a França se torne um caos de ódio racista e xenófobo e acho que ele provou, durante cinco anos, que pode enfrentar várias crises. (...) É alguém que mostrou que quer fazer reformas, que quer agir. Gosto muito do seu tom e da sua forma de estar", diz à Lusa.
Numa cidade onde, na primeira volta, Macron ficou em primeiro lugar, com 28,11% dos votos - seguido de perto por Jean-Luc Mélénchon, com 26,85% dos votos - a grande maioria dos populares que se concentraram na praça central de Figeac eram simpatizantes do atual Presidente, e abanaram alegremente as bandeiras da França, da União Europeia, ou da campanha do candidato -- em que se lê o 'slogan' "Emmanuel Macron convosco" -- que começaram a ser distribuídas pela equipa de campanha cerca de uma hora antes da chegada do candidato.
Tommy, de 64 anos, é a exceção. Vive em Figeac há cinco anos e deslocou-se até ao centro para ver Macron porque "gosta muito de política" e quis ver "ao vivo, e de perto, como é que os comícios decorrem".
No entanto, o sexagenário de óculos e camisa branca com motivos azuis diz à Lusa que, apesar de ter votado Macron em 2017, desta vez, na primeira volta das eleições, votou no candidato de extrema-direita Eric Zemmour por estar "completamente desiludido" com a política levada a cabo pelo atual Presidente francês.
Eleitor volátil, que votou tanto no primeiro Presidente socialista, François Mitterrand, como em Jacques Chirac, do partido de centro-direita UMP, Tommy diz que continua indeciso relativamente ao que irá fazer este domingo, dizendo ainda que só irá decidir em quem votar quando estiver à frente da urna.
"Acho que isto já está ganho para o Macron, mas acho que deve haver um contrapoder para evitar que ele faça tudo aquilo que quer", referiu.
Apesar de as sondagens atuais darem a Macron um avanço de 10% ou mais relativamente a Le Pen, a confiança na vitória é precisamente o que a maioria dos simpatizantes do atual Presidente francês quer evitar. Najla, de 50 anos, fez com a filha os 230 quilómetros que separam Figeac de Montpellier, onde reside, para dar "a energia adicional" de que Macron precisa.
"Não está nada ganho. Mantemo-nos serenos, humildes, e é preciso ir votar no domingo. Hoje, até às 23:59, é preciso andar a convencer a família, os amigos, e incitar as pessoas a irem votar no domingo. Isto ainda não acabou, nada de se dizer que já ganhámos", sublinha.
Em consonância com a jurista está o próprio Emmanuel Macron que, no discurso que fez do palanque na praça central de Figeac, apelou a que, "nas próximas horas e dias, até ao último segundo", os militantes se mobilizem.
"Nada está ganho! É preciso explicar o que fizemos e o que queremos fazer. E temos de lutar! Lutar para convencer, pelo nosso país, para continuarmos a andar em frente, para reconciliarmos finalmente a bondade e a ambição", afirmou o também Presidente francês.
Sentada ao sol, Patrícia, de 35 anos, acredita firmemente no projeto do atual Presidente, que já mereceu o seu voto em 2017 e que, hoje, a fez vir de Poitiers, a 350 quilómetros, para poder assistir ao último comício de Macron.
Considerando que o Presidente cessante conseguiu "levantar a França", Patrícia mostra preocupação com os extremismos que estão em crescimento em França e reconhece ser "difícil" que Macron consiga "unir" o povo francês à volta do seu projeto.
"Há uma parte da população que lhe é tão hostil que, independentemente do que ele faça, irão continuar a ser-lhe hostis", refere.
Sentadas a um canto, tímidas, Auréline e Nina, duas jovens estudantes do liceu local, também mostram preocupação com a possibilidade de Marine Le Pen poder vir a ser Presidente, por considerarem a chegada de uma extremista ao Eliseu é "um pouco perigosa".
Com 17 anos e a poucos meses de atingirem a idade legal para votarem, as duas jovens lamentam não poderem deslocar-se às urnas para expressarem o seu apoio a um Presidente com o qual "concordam".
"Geriu bem a crise sanitária e fez o que foi preciso para relançar a economia. Não podemos votar, mas espero que, no próximo mandato, faça o mesmo. Espero que siga a mesma trajetória", diz Nina.
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