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Macron refreou gritos de vitória em Figeac

O candidato às presidenciais francesas Emmanuel Macron encerrou hoje a campanha eleitoral refreando gritos de vitória, numa cidade onde centenas de simpatizantes se concentraram na praça central prometendo mobilizar eleitores "até ao último segundo".

Macron refreou gritos de vitória em Figeac
Notícias ao Minuto

20:48 - 22/04/22 por Lusa

Mundo presidenciais em França

Naquela que foi a sua última ação de campanha antes da segunda volta das eleições presidenciais francesas, que irá decorrer este domingo, Emmanuel Macron deslocou-se a Figeac, no departamento do Lot, onde o presidente da Câmara, André Mellinger, apesar de ser socialista, apelou ao voto em Macron este domingo.

Nas ruas sinuosas e estreitas de Figeac, onde os edifícios medievais são feitos de pedra e enxaimel, vários transeuntes começaram a convergir, por volta das 12:00, para a praça Carnot, no centro da cidade, para assistirem ao discurso do atual Presidente francês.

Sentado a um canto, de camisola rosa, Philippe, de 55 anos, que gere 'chalets' turísticos na localidade, quis vir ver Macron para "retribuir a honra" de o Presidente se deslocar, no último dia de campanha, àquela que apelida de "nossa bela e pequena cidade de Figeac".

"Eu apoio-o. Não tenho vontade nenhuma que a França se torne um caos de ódio racista e xenófobo e acho que ele provou, durante cinco anos, que pode enfrentar várias crises. (...) É alguém que mostrou que quer fazer reformas, que quer agir. Gosto muito do seu tom e da sua forma de estar", diz à Lusa.

Numa cidade onde, na primeira volta, Macron ficou em primeiro lugar, com 28,11% dos votos - seguido de perto por Jean-Luc Mélénchon, com 26,85% dos votos - a grande maioria dos populares que se concentraram na praça central de Figeac eram simpatizantes do atual Presidente, e abanaram alegremente as bandeiras da França, da União Europeia, ou da campanha do candidato -- em que se lê o 'slogan' "Emmanuel Macron convosco" -- que começaram a ser distribuídas pela equipa de campanha cerca de uma hora antes da chegada do candidato.

Tommy, de 64 anos, é a exceção. Vive em Figeac há cinco anos e deslocou-se até ao centro para ver Macron porque "gosta muito de política" e quis ver "ao vivo, e de perto, como é que os comícios decorrem".

No entanto, o sexagenário de óculos e camisa branca com motivos azuis diz à Lusa que, apesar de ter votado Macron em 2017, desta vez, na primeira volta das eleições, votou no candidato de extrema-direita Eric Zemmour por estar "completamente desiludido" com a política levada a cabo pelo atual Presidente francês.

Eleitor volátil, que votou tanto no primeiro Presidente socialista, François Mitterrand, como em Jacques Chirac, do partido de centro-direita UMP, Tommy diz que continua indeciso relativamente ao que irá fazer este domingo, dizendo ainda que só irá decidir em quem votar quando estiver à frente da urna.

"Acho que isto já está ganho para o Macron, mas acho que deve haver um contrapoder para evitar que ele faça tudo aquilo que quer", referiu.

Apesar de as sondagens atuais darem a Macron um avanço de 10% ou mais relativamente a Le Pen, a confiança na vitória é precisamente o que a maioria dos simpatizantes do atual Presidente francês quer evitar. Najla, de 50 anos, fez com a filha os 230 quilómetros que separam Figeac de Montpellier, onde reside, para dar "a energia adicional" de que Macron precisa.

"Não está nada ganho. Mantemo-nos serenos, humildes, e é preciso ir votar no domingo. Hoje, até às 23:59, é preciso andar a convencer a família, os amigos, e incitar as pessoas a irem votar no domingo. Isto ainda não acabou, nada de se dizer que já ganhámos", sublinha.

Em consonância com a jurista está o próprio Emmanuel Macron que, no discurso que fez do palanque na praça central de Figeac, apelou a que, "nas próximas horas e dias, até ao último segundo", os militantes se mobilizem.

"Nada está ganho! É preciso explicar o que fizemos e o que queremos fazer. E temos de lutar! Lutar para convencer, pelo nosso país, para continuarmos a andar em frente, para reconciliarmos finalmente a bondade e a ambição", afirmou o também Presidente francês.

Sentada ao sol, Patrícia, de 35 anos, acredita firmemente no projeto do atual Presidente, que já mereceu o seu voto em 2017 e que, hoje, a fez vir de Poitiers, a 350 quilómetros, para poder assistir ao último comício de Macron.

Considerando que o Presidente cessante conseguiu "levantar a França", Patrícia mostra preocupação com os extremismos que estão em crescimento em França e reconhece ser "difícil" que Macron consiga "unir" o povo francês à volta do seu projeto.

"Há uma parte da população que lhe é tão hostil que, independentemente do que ele faça, irão continuar a ser-lhe hostis", refere.

Sentadas a um canto, tímidas, Auréline e Nina, duas jovens estudantes do liceu local, também mostram preocupação com a possibilidade de Marine Le Pen poder vir a ser Presidente, por considerarem a chegada de uma extremista ao Eliseu é "um pouco perigosa".

Com 17 anos e a poucos meses de atingirem a idade legal para votarem, as duas jovens lamentam não poderem deslocar-se às urnas para expressarem o seu apoio a um Presidente com o qual "concordam".

"Geriu bem a crise sanitária e fez o que foi preciso para relançar a economia. Não podemos votar, mas espero que, no próximo mandato, faça o mesmo. Espero que siga a mesma trajetória", diz Nina.

Leia Também: Eleições. Últimas sondagens dão a Macron com mais de 10% de vantagem

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