Grupos rebeldes da RDCongo pedem mais tempo para se desarmarem

Vários grupos rebeldes da República Democrática do Congo (RDCongo) pediram mais tempo para depor as armas nas negociações de paz que começaram no fim de semana passado em Nairobi, anunciou hoje a Presidência queniana.

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Lusa
28/04/2022 15:51 ‧ 28/04/2022 por Lusa

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Congo

Em comunicado, a Presidência anunciou que "representantes de mais de 30 grupos armados participaram das conversações e a maioria aceitou o pedido dos dois chefes de Estado [queniano, Uhuru Kenyatta, e da RDCongo, Félix Tshisekedi] de depor as armas".

No entanto, especificou, "alguns pediram que lhes fosse dado mais tempo para se avaliarem as condições estabelecidas, mas manifestaram a vontade de participar na construção do seu país".

Numa mensagem de vídeo transmitida na quarta-feira antes do Diálogo de Paz Intercongolês, fórum virtual promovido pelo Quénia, Kenyatta enfatizou que "sem depor as armas e forjar um pacto nacional inquebrável para garantir a República Democrática do Congo, os frutos da prosperidade (...) permanecerão inalcançáveis".

"Isso torna urgente que todas as pessoas de boa vontade da República Democrática do Congo se unam e estabeleçam rapidamente uma base de prosperidade trabalhando incansavelmente por uma paz duradoura", destacou o Presidente, segundo a nota oficial.

Na videoconferência, segundo a Presidência queniana, Tshisekedi realçou que os grupos armados aceitem dialogar com o seu Governo.

"Entendo as diferentes razões que os levaram a pegar em armas. No entanto, para desenvolver o nosso país, precisamos construir e manter forças de defesa nacional e uma força policial disposta a defender as filhas e filhos da República Democrática do Congo", enfatizou o Presidente congolês.

Tshisekedi exortou os grupos armados a aceitarem o processo de desarmamento, desmobilização, reintegração e reinserção para ajudar a reconstruir o país em benefício de todos os cidadãos.

"Trata-se de um processo que levará em conta todas as preocupações. Vamos obter apoio técnico e outros de muitos doadores para que possamos ter sucesso", acrescentou.

As conversações de paz começaram depois de no passado dia 14 líderes da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) - RDCongo, Burundi, Uganda, Ruanda, Quénia, Tanzânia e Sudão do Sul - se reunirem em Nairobi com o objetivo de resolver a insegurança que atinge as províncias do leste do Congo.

Durante a cimeira, os dirigentes recordaram que deve ser realizado o mais rapidamente possível um diálogo consultivo entre o Presidente da RDCongo (país que aderiu à EAC em março) e os representantes dos grupos armados que operam neste país africano.

Concordaram também em estabelecer uma força militar regional na RDCongo para enfrentar a insegurança sofrida pelo nordeste daquele país africano.

Desde 1998, o leste da RDCongo vive um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas no país (Monusco), com mais de 14 mil efetivos.

De acordo com o 'think-tank' Barómetro de Segurança Kivu (KST, na sigla em inglês), a região é campo de batalha para pelo menos 122 grupos rebeldes.

O Governo da RDCongo impôs o estado de sítio nas províncias de Ituri e Kivu do Norte em maio de 2021 e os exércitos da RDCongo e do Uganda lançaram uma operação conjunta no final de novembro passado que ainda está em andamento, embora a situação no terreno não tenha experimentado uma melhoria.

Leia Também: Pelo menos 11 civis mortos em novo ataque na RDCongo

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