Médica viaja pelos EUA para fazer abortos onde o acesso é limitado
As leis relacionadas com o aborto têm vindo a ser cada vez mais restritivas nos EUA.
© Reuters
Mundo Aborto
À medida que as leis que permitem o aborto nos Estados Unidos vão ficando cada vez mais apertadas - como no caso do estado da Flórida, cujo Senado deu 'luz verde' a uma lei que proíbe que uma mulher aborte após as 15 semanas mesmo em casos de violação -, há quem insista em contrariar os legisladores.
É o caso de Shelly Tien, uma obstetra que tem viajado por vários estados do país, por forma a ajudar mulheres que não querem dar à luz.
Numa das clínicas em que trabalha, em Birmingham, a médica recebe mulheres não só do estado do Alabama, como Mississippi, Louisiana, Georgia e Texas. Segundo a Reuters, que acompanhou Shelly durante as suas viagens, a agenda da médica, de 40 anos, em março incluía, diariamente, a seis abortos via cirúrgica e 12 com recurso a medicação.
Uma das mulheres que estava na clínica, e que preferiu não ser identificada, confessou que não tinha estabilidade financeira para ter a criança e que não tinha contado ao progenitor sobre a gravidez. "Acho que ia tentar fazer com que eu mudasse de ideias", confessou a jovem, de 22 anos, garantindo: "Não quero mudar de ideias".
A esta mulher, que foi com os filhos, de oito meses e quatro anos, Tien deu os comprimidos para o efeito, e disse-lhe que o processo tinha que ser completado no dia seguinte, com outra toma. "As mulheres são muito fortes", disse-lhe, acrescentando: "Há mulheres a fazer isto todos os dias".
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, há registo de quase 630 mil abortos realizados nos Estados Unidos em 2019, o que, significa que a cada minuto há uma mulher a abortar no país.
À semelhança do que acontece em Oklahoma, onde Tien também trabalha, também no Alabama os médicos em clínica privada não podem realizar abortos.
A médica, que tem autorização para exercer em vários estados - algo que também tem vindo a tornar-se cada vez mais restrito -, sabe que pode ser um alvo fácil para quem seja contra o aborto.
Um alvo fácil para os mais conservadores?
Segundo contou à Reuters, Shelly tenta sempre ter pelo menos 1/4 do depósito atestado, para o caso de alguém a perseguir. Também a organização sem fins lucrativos Planned Parenthood a ajudou a reforçar a sua segurança, permitindo-lhe ter um sistema de segurança em casa.
A segurança da médica não foi apenas reforçada em casa, mas também nos sítios em que trabalha - são revistas todas as pessoas que entrem no edifício no qual trabalha em Oklahoma, assim como costuma sempre entrar pela porta das traseiras em Jacksonville, pois há sempre manifestantes à porta da clínica.
De acordo com a Reuters, as pacientes de Shelly têm entre os 19 e os 36 anos, e, segundo a National Abortion Federation [Federação Nacional de Aborto, na tradução livre], há cerca de 50 médicos no país que realizam viajam por todo o país com o mesmo objetivo de Shelly Tien, tentado fazer com que as interrupções voluntárias da gravidez sejam feitas em segurança.
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