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Doações a clínicas e grupos de apoio ao aborto 'explodem' nos EUA

Várias organizações não-governamentais com clínicas de aborto receberam a maior onda de investimento de sempre, depois do rascunho do Supremo Tribunal norte-americano ter sido divulgado.

Doações a clínicas e grupos de apoio ao aborto 'explodem' nos EUA
Notícias ao Minuto

10:19 - 05/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Aborto

Menos de dois dias depois de ter sido divulgado o rascunho do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, em que a maioria conservadora decidiu a reversão da decisão 'Roe v. Wade' que estabeleceu o direito ao aborto no país, as clínicas de aborto geridas por organizações não-governamentais (ONG) assistiram a um aumento exponencial de donativos por todo o país.

Segundo a agência Reuters, esta vontade em dar dinheiro a instituições que apoiem e permitam a realização de abortos com segurança foi registada tanto em clínicas pequenas como organizações de alcance nacional.

A porta-voz da NARAL, uma das maiores organizações não-governamentais de apoio ao aborto, disse à agência que o número de donativos aumentou 1403% em apenas 24 horas, depois da divulgação do rascunho da decisão pelo site POLITICO.

Através do Twitter, a NNAF Abortion Funds, uma ONG que procura apoiar o acesso ao aborto em vários estados norte-americanos, recolheu 1,5 milhões de euros em algumas horas. A organização contou com o apoio da atriz e comediante Julia Louis-Dreyfus, conhecida pelo seu trabalho nas séries 'Seinfeld' e 'Veep', que prometeu doar 10 mil dólares a cada dos mais de 80 fundos de apoio ao aborto.

Várias outras ONGs nacionais registaram doações na ordem das centenas de milhares de dólares em menos de 24 horas e, no Oklahoma, um dos estados que mais tem atacado o direito ao aborto, o fundo Roe Fund recolheu mais de 50 mil dólares por 8.000 doadores na terça-feira, disse a instituição à Reuters.

Isto surgiu no mesmo dia em que entrou em vigor uma polémica lei no Oklahoma, que proíbe o aborto após seis semanas de gestação, quando muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas. A interrupção da gravidez é proibida até em casos de violação e só é permitida em casos de risco de vida para a mãe.

Segundo uma sondagem do jornal Washington Post e da televisão ABC, cerca de 54% dos norte-americanos defende o direito ao aborto, e apenas 28% acha que o processo 'Roe v. Wade' deve ser revogado.

Um mapa publicado pelo New York Times demonstra que quase metade dos estados norte-americanos procurará proibir o direito ao aborto, e exatamente 13 desses estados têm em vigor leis que preveem uma ativação automática dessa proibição, mediante a aprovação da decisão final do Supremo: Arkansas, Idaho, Kentucky, Louisiana, Mississippi, Missouri, Oklahoma, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Tennessee, Texas, Utah e Wyoming.

O direito ao aborto tem sido uma das questões que o Partido Republicano tem constantemente atacado ao longo dos anos, argumentando que a decisão de 1993 do processo 'Roe v. Wade', que legitimou o direito ao aborto (entre muitos outros direitos, como o casamento inter-racial) devia ser revertido.

Depois de ter sido eleito em 2016, Trump prometeu que nomearia juízes com uma visão conservadora sobre o aborto. Aproveitando uma transição no Supremo Tribunal, com uns juízes a reformar-se e outros a falecer, nomeadamente a juíza Ruth Bader Ginsburg, Trump nomeou uma maioria conservadora, que está finalmente a dar 'frutos' à luta antiaborto nos Estados Unidos.

Do lado democrata, seguiram-se várias condenações à decisão, com a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a lamentar a decisão e a afirmar que, "se o relatório for verdade, o Supremo Tribunal está encaminhado para infligir a maior restrição de direitos nos últimos 50 anos".

Desde terça-feira, foram realizados vários protestos pró-aborto em todo o país, especialmente em Washington D.C., em frente ao edifício do Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Leia Também: Maioria dos norte-americanos defende proteção do direito ao aborto

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