"Todos conhecemos os desafios da atualidade que decorrem do terrorismo, das mudanças climáticas nesta província, da gestão da pandemia da covid-19 e do cenário de destruição que caracteriza alguns distritos. Esses fenómenos alertam-nos para a necessidade de maior envolvimento dos prestadores do Serviço Cívico de Moçambique nas comunidades afetadas", declarou Filipe Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, durante a cerimónia de encerramento do 10.º curso do Serviço Cívico de Moçambique, um órgão composto por paramilitares e que está subordinado ao Ministério da Defesa.
Para Filipe Nyusi, os paramilitares do Serviço Cívico de Moçambique devem liderar o processo de reconstrução, respondendo às necessidades impostas, por um lado, pelos desastres naturais e, por outro, pela ação dos grupos que aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017.
"São chamados a cumprir essa missão perene do Serviço Cívico no momento em que a pátria, mais do que nunca, exige amor a si e lealdade de todos os filhos, cada um na sua área de atuação", declarou Filipe Nyusi.
O Plano de Reconstrução de Cabo Delgado, aprovado pelo Conselho de Ministros em setembro do ano passado, está orçado em 256 milhões de euros e visa responder à destruição, bem como à crise humanitária provocada pelos ataques armados que eclodiram na província em 2017.
O secretário de Estado da província de Cabo Delgado, António Supeia, admitiu hoje atrasos na implementação do plano, sobretudo na reconstrução de infraestruturas, mas garantiu que nos próximos dias os trabalhos vão ganhar um novo ritmo.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes.
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