Em declarações à imprensa, o embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansur, destacou a indignação global gerada pela morte de Shireen e disse esperar que isso leve a "passos concretos" para que sejam identificados os culpados.
Mansur deixou claro que as autoridades palestinianas não vão colaborar com as investigações anunciadas por Israel, nem aceitar uma investigação realizada exclusivamente pela "potência ocupante".
"Os criminosos não podem investigar-se a si mesmos", sublinhou o diplomata, que levantou a possibilidade de o Tribunal Penal Internacional (TPI) tratar do caso, mas que também existem "outras opções".
Mansur confia que o Conselho de Segurança da ONU possa pronunciar-se de forma unânime sobre a homicídio da jornalista, que foi condenado por muitos países, incluindo pelos Estados Unidos, principal apoiante de Israel nas Nações Unidas.
A delegação da Palestina enviou cartas ao Conselho de Segurança e a outros órgãos da ONU sobre o caso e o embaixador insistiu que todos têm a responsabilidade de se manifestar e de se mobilizar sobre esta morte.
Mansur insistiu que foram "as autoridades ocupantes israelitas" que "assassinaram" a repórter, morta com um tiro na cabeça enquanto cobria um ataque do exército israelita na Cisjordânia ocupada.
Enquanto isso, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, criticou em comunicado que as autoridades da Palestina "se tenham apressado em culpar Israel, mesmo sem a possibilidade de conhecer os factos" e reiterou o convite para a realização de uma investigação conjunta.
"Esta morte é uma tragédia, mas ninguém deve usá-la para fins políticos, especialmente aqueles que violam os direitos humanos diariamente", disse Erdan.
Já o ministro da Defesa de Israel prometeu uma investigação completa à morte da repórter e pediu que as autoridades da Palestina entreguem a bala que matou a jornalista, palestiniana com nacionalidade norte-americana.
O ministro Benny Gantz disse a jornalistas que Israel está em contacto com autoridades norte-americanas e da Palestina, e prometeu que todas as partes da investigação serão tornadas públicas.
"Lamento muito o que aconteceu", disse Gantz a repórteres. "Atualmente não sabemos qual foi a causa direta da morte de Shireen. Estamos muito decididos a ter uma investigação em grande escala deste processo, e esperamos obter a cooperação de amigos nesta questão. Sem o relatório dos achados patológicos e os achados forenses, será muito difícil para nós descobrir o que aconteceu no terreno", afirmou.
O Governo norte-americano condenou hoje veementemente a morte do jornalista da Al Jazeera e pediu uma "investigação imediata e exaustiva".
"Estamos de coração partido e condenamos veementemente a morte da jornalista norte-americana Shireen Abu Akleh na Cisjordânia", disse na rede social Twitter o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Price exigiu uma "investigação imediata e completa" e enfatizou que os "responsáveis devem ser responsabilizados".
"A sua morte é uma ofensa à liberdade de imprensa em todo o mundo", acrescentou.
Na mesma linha manifestou-se a porta-voz adjunta da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, que enfatizou ser "crucial" investigar "ataques à imprensa independente e levar os responsáveis à justiça".
"Exigimos uma investigação detalhada para determinar as circunstâncias da sua morte", acrescentou.
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