Palestina rejeita pedido de investigação conjunta de morte de jornalista

A Autoridade Palestiniana rejeitou hoje um pedido de Israel para realizarem uma investigação conjunta sobre a morte da jornalista da Al-Jazeera Shireen Abu Akleh, afirmando que não entregará o projétil que a matou para análise balística.

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Lusa
12/05/2022 16:24 ‧ 12/05/2022 por Lusa

Mundo

Israel

Hussein Al-Sheikh, um dos principais assessores do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas, indicou que os palestinianos irão conduzir a sua própria investigação independente e que todas as partes serão informadas dos "resultados da investigação com a maior transparência".

Shireen Abu Akleh, de 51 anos, uma jornalista veterana, de dupla nacionalidade -- palestiniana e norte-americana - da estação televisiva Al-Jazeera, foi morta com um tiro na cabeça na quarta-feira em Jenin, enquanto fazia a cobertura de uma operação militar israelita na Cisjordânia ocupada, envergando um colete à prova de bala e um capacete identificados com a palavra "Press", em letras grandes. A direção da Al-Jazeera e dois repórteres que estavam com a jornalista culparam as forças israelitas.

As autoridades israelitas sugeriram inicialmente que Shireen Abu Akleh poderia ter sido morta por fogo palestiniano, mas recuaram horas depois, afirmando que não havia "conclusões definitivas".

A notícia da morte da jornalista foi recebida com uma onda de pesar em toda a Cisjordânia, e hoje vários milhares de palestinianos lhe prestaram homenagem.

Representantes palestinianos, diplomatas estrangeiros e uma multidão de cidadãos palestinianos participaram na cerimónia oficial em Ramallah, na sede da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia, para onde o seu corpo foi transportado, numa urna coberta com a bandeira palestiniana, antes de seguir para Jerusalém, onde ela cresceu, para ser sepultado na sexta-feira.

A sua morte desencadeou reações em todo o mundo, a mais recente das quais foi a do emir do Qatar, Tamim ben Hamas Al-Thani, que hoje responsabilizou Israel.

"Quero apresentar as minhas condolências à família da jornalista Shireen Abu Akleh, morta pelas forças de ocupação" israelitas, declarou o emir do Qatar durante uma visita a Teerão.

"É preciso pedir contas aos autores deste crime hediondo", disse ainda o dirigente qatari, numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente iraniano, Ebrahim Raïssi.

Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros português reagiu, publicando hoje na rede social Twitter uma mensagem em que se lê: "Portugal condena a morte da jornalista Shireen Abu Aqla no exercício das suas funções na Cisjordânia, expressando sinceras condolências à família. Impõe-se uma investigação rigorosa ao incidente. A liberdade de imprensa e a proteção de jornalistas em contexto de conflito são basilares".

Por sua vez, a Missão Diplomática da Palestina em Portugal divulgou hoje, em nome do embaixador, Nabil Abuznaid, uma nota de pesar pelo "homicídio da jornalista veterana palestiniana no campo de refugiados de Jenin", indicando que quem quiser enviar condolências poderá fazê-lo para um e-mail criado para o efeito -- embaipalestina2022@gmail.com -, entre hoje e a próxima segunda-feira, 16 de maio.

Shireen Abu Akleh era uma figura familiar e respeitada no Médio Oriente, conhecida pela sua cobertura para a Al-Jazeera árabe das duras realidades da ocupação militar sem fim à vista de Israel na Palestina, agora no seu 55.º ano.

A sua morte ocorreu no contexto de uma onda de violência israelo-palestiniana atiçada por tensões num importante lugar sagrado de Jerusalém. Pelo menos 18 israelitas morreram em ataques palestinianos nas últimas semanas, enquanto mais de 30 palestinianos, a maioria dos quais envolvidos em ataques ou confrontos com forças israelitas, foram também mortos. Outros estavam desarmados e iam apenas a passar no lugar errado à hora errada, o que desencadeou críticas a Israel de que utilizou força excessiva na sua repressão dos ativistas palestinianos.

Leia Também: Milhares reúnem-se em homenagem a jornalista palestiniana morta

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