O presidente francês Emmanuel Macron nomeou Elisabeth Borne, esta segunda-feira, para suceder no cargo de primeira-ministra, tornando-se na primeira mulher a ocupar o cargo em cerca de 30 anos.
Borne era apontada pelos média franceses como a favorita do presidente para suceder a Jean Castex, que apresentou a sua demissão esta segunda-feira. O anúncio foi feito pelo Eliseu durante a tarde, depois do Le Monde ter avançado que seria ela a escolhida para liderar o novo governo.
Borne já era de ministra do Trabalho, do Emprego e da Integração, e chegou a ser também ministra do Ambiente em 2019, tendo governado na área dos transportes e da transição ecológica. O seu currículo, assente em políticas verdes e sociais, agrada ao presidente francês, que procurava uma candidata para atacar o eleitorado à esquerda antes das legislativas de 12 e 19 de junho.
Segundo o Le Monde, este é o pico da carreira de Elisabeth Borne, de 61 anos, que entrou na política francesa em 1991 como assessora técnica de Lionel Jospin, então ministro da Educação.
A atual ministra do Trabalho torna-se assim na primeira mulher a liderar o governo francês desde Édith Cresson, a primeira mulher a tornar-se primeira-ministra e que governou durante pouco menos de um ano nos anos 90, entre maio de 1991 e abril de 1992.
Através do Twitter, o candidato da esquerda para as próximas eleições legislativas, Jean-Luc Mélenchon, criticou a nomeação de Borne, apontando para algumas políticas que foram implementadas durante seu mandato como ministra do Trabalho.
"Redução do subsídio para um milhão de desempregados, abolição das tarifas reguladores do gás, adiamento do fim da energia nuclear por dez anos, abertura à concorrência da SNCF [empresa de caminhos de ferro francesa] e da RATP [empresa de transportes de Paris]. Em frente para uma nova era de abusos sociais!", afirmou o candidato, em torno do qual se uniram os partidos à esquerda.
#Borne : baisse de l’allocation d’1 million de chômeurs, suppression des tarifs réglementés du gaz, report de 10 ans de la fin du nucléaire, ouverture à la concurrence de la SNCF et RATP. Très pour la retraite à 65 ans. En avant pour une nouvelle saison de maltraitance sociale !
— Jean-Luc Mélenchon (@JLMelenchon) May 16, 2022
Do lado completamente oposto da bancada, a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, também teceu duras críticas à nomeação de Borne, acusando Macron de "demonstrar a sua incapacidade para unir e vontade de seguir a sua política de desprezo, desconstrução do Estado, agitação social, extorsão fiscal e frouxidão".
En nommant Elisabeth Borne comme Premier Ministre, Emmanuel Macron démontre son incapacité à rassembler et la volonté de poursuivre sa politique de mépris, de déconstruction de l'État, de saccage social, de racket fiscal et de laxisme.
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) May 16, 2022
Jean Castex demitiu-se cerca de um mês antes das eleições legislativas, nas quais o partido de Macron, o La République En Marche!, tentará repetir o bom resultado das presidenciais e impedir o crescimento da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen e o Rassemblement National, e da esquerda de Mélenchon.
No Twitter, Emmanuel Macron agradeceu o trabalho de Jean Castex, que liderou o governo francês desde junho de 2020.. "Durante quase dois anos, trabalhou com paixão e compromisso ao serviço da França. Orgulhamo-nos do trabalho realizado e dos resultados alcançados juntos", escreveu o chefe de Estado.
[Notícia atualizada às 17h38]
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