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EUA. Biden visita local do ataque, que irá classificar como terrorismo

O presidente norte-americano visitou o local do tiroteio do passado fim de semana, motivado por ódio racial, que deixou dez mortos num supermercado em Buffalo.

EUA. Biden visita local do ataque, que irá classificar como terrorismo
Notícias ao Minuto

16:23 - 17/05/22 por Hélio Carvalho

Mundo Buffalo

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou, na manhã desta terça-feira, a cidade de Buffalo e o local onde foram assassinadas dez pessoas no passado sábado, num tiroteio envolto em contornos de ódio racial e supremacia branca.

O presidente e a primeira dama, Jill Biden, deixaram flores no memorial improvisado pelos residentes da localidade, em homenagem às vítimas do ataque.

Antes da viagem até Buffalo, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, deixou claro que Joe Biden iria apelar ao Congresso para aprovar legislação mais forte em torno da posse de armas - um apelo que improvavelmente levará a ações práticas, dada a oposição dos republicanos em restringir o uso e posse de armas a nível nacional.

"O presidente vai pedir ao Congresso para agir de forma a manter as armas de guerra fora das nossas ruas e fora das mãos dos criminosos e das pessoas que têm doença mental séria, que as torna um perigo para elas próprias e para os outros", referiu a porta-voz, que apontou que o objetivo é aumentar e melhorar as verificações sobre o passado das pessoas que compram armas (os chamados 'background checks') e banir armas automáticas e carregadores de alta capacidade.

Jean-Pierre também avançou aos jornalistas, citada pelo The Guardian, que Biden irá classificar o ataque de sábado como um ataque terrorista. "O presidente vai classificar este ato desprezível pelo seu nome: terrorismo motivado por uma ideologia perversa e odiosa que rasga a alma desta nação".

A porta-voz refere-se à teoria da substituição racial - uma teoria da conspiração racista e xenófoba, veiculada por canais conservadores como a Fox News e por alguns políticos norte-americanos, que afirma que o aumento de imigração ilegal e o casamento transracial irá diluir a população caucasiana e inclinar o país para a esquerda.

O único suspeito é Payton Gendron, um adolescente branco de 18 anos que deixou um manifesto de centenas de páginas na internet, e uma longa pegada digital, nos quais defendia a morte de pessoas negras e esta teoria da conspiração.

Karine Jean-Pierre acrescentou ainda que o presidente vai deixar um apelo antirracista e contra a crescente polarização na sociedade norte-americana, pedindo "a todos os norte-americanos que não abriguem o ódio e rejeitem as mentiras da animosidade racial que nos radicaliza e nos divide, e que levou à violência racista que assistimos no sábado".

O adolescente contou em grupos privados nas redes sociais que escolheu o supermercado por ser frequentado por uma comunidade predominantemente negra. Segundo mais as mensagens recolhidas pelas autoridades, o jovem sugeriu mais ataques, a escolas primárias, a igrejas e a outros locais onde a maioria das pessoas presentes seria negra.

Além das dez mortes, outras três vítimas ficaram feridas na sequência do ataque - sendo que as mensagens elaboram que o suspeito tencionaria matar mais de três dezenas de pessoas negras.

O ataque, à semelhança de outros tiroteios em escolas e locais públicos nos Estados Unidos, motivou uma vaga de apelos para um aumento da segurança e das verificações em torno das armas de fogo. Na política, políticos democratas (e até mesmo alguns republicanos) apontaram para a veiculação da teoria racista da substituição por políticos preponderantes no partido republicano, como Marjorie Taylor Greene e Elise Stefanik, especialmente nos ataques destes à imigração ilegal proveniente da América Latina.

Buffalo junta-se assim à lista de atentados com motivações raciais, especialmente contra minorias étnicas, depois de incidentes como a morte de uma mulher em Charlottesville, em 2017, depois de um comício neonazi; ou como uma série de tiroteios em salões de beleza em Atlanta, nos quais um homem matou oito pessoas, seis de descendência asiática.

Na semana, em Dallas, houve um novo ataque no qual as autoridades suspeitam de motivações de ódio racial, depois de uma pessoa ter disparado sobre um salão de beleza coreano, ferindo três mulheres. O ataque não matou ninguém, mas as autoridades estão a estudar a relação com outros dois tiroteios em estabelecimentos semelhantes, frequentados predominantemente por pessoas de descendência asiática.

Leia Também: Buffalo. Suspeito foi ao local em março e foi questionado por segurança

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