"Houve uma verdadeira unidade nacional" na independência de Timor
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou à agência Lusa o período que antecedeu a independência de Timor-Leste em relação à Indonésia, considerando que houve "verdadeira unidade nacional" em Portugal por esta causa.
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Mundo Marcelo Rebelo de Sousa
Marcelo Rebelo de Sousa, que liderou o PSD entre março de 1996 e maio de 1999, quando António Guterres estava à frente do PS e chefiava o Governo, disse à Lusa que o então primeiro-ministro "ia permanentemente informando a liderança da oposição de tudo o que se passava".
Segundo o Presidente da República, "houve uma verdadeira unidade nacional em torno da luta de Timor-Leste pela sua independência".
"Eu era líder do PSD, o atual secretário-geral das Nações Unidas era primeiro-ministro, e foi intensamente vivido tudo, tudo, tudo o que se passou, a repressão que se abateu sobre o povo timorense, as diligências internacionais", referiu.
Durante a sua liderança, o PSD foi integrado no Partido Popular Europeu (PPE) e nesse quadro Marcelo Rebelo de Sousa procurou apoios para a causa da autodeterminação de Timor-Leste.
Na altura, fez críticas ao Governo de Guterres, pedindo-lhe mais empenho nesta matéria.
Agora, mais de duas décadas depois, destaca a conjugação de esforços, "cada qual na sua família política, nomeadamente a nível europeu, mas para além do nível europeu, a nível global, remando na mesma direção".
Nestas declarações à agência Lusa, prestadas nos jardins do Palácio de Belém, o Presidente da República lembrou a manifestação em frente da embaixada dos Estados Unidos da América, em Lisboa, em setembro de 1999, à qual se juntou, "porque era muito importante num determinado momento a posição americana -- e foi, foi decisiva".
Nessa data, Marcelo Rebelo de Sousa já não era presidente do PSD, mas esteve presente e fez parte de uma delegação que foi recebida na embaixada: "Íamos, entre outros, Francisco Louçã, e eu, quer dizer, eram setores completamente diferentes que estavam ali".
Precisamente quando recordava este acontecimento à agência Lusa, passou ao seu lado Francisco Louçã, que tinha ido a uma iniciativa no Palácio de Belém.
Dirigindo-se ao ex-coordenador nacional do Bloco de Esquerda, o chefe de Estado declarou: "Estava aqui a recordar quando fomos ser recebidos na embaixada americana, a propósito de Timor, a dizer a unidade nacional que houve naquela manifestação".
"Fantástico", comentou Louçã, acrescentando: "Lembra-se do que o embaixador americano [Gerald S. McGowan] nos disse nessa altura? Ele estava naquele 'bunker' lá dentro e disse: esta manifestação deve ser muito grande, porque eu já vi na CNN".
Os dois despediram-se e o Presidente da República observou: "Eu nem me lembrava disto".
Na sexta-feira, 20 de maio, Timor-Leste celebra 20 anos da restauração da independência, conseguida após uma luta de libertação contra a ocupação indonésia. Na véspera, à noite, será a cerimónia de investidura de José Ramos-Horta, pela segunda vez, como Presidente da República timorense.
Marcelo Rebelo de Sousa estará em Díli a representar o Estado português e também as instituições europeias nestas cerimónias oficiais.
A sua chegada a Díli está prevista para a manhã de quinta-feira -- ainda noite de quarta-feira Lisboa, onde são menos oito horas -- e o regresso a Portugal para domingo de manhã.
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