"Na pessoa de Vossa Excelência, congratulo todos os portugueses, nossos irmãos e amigos, aos quais estamos unidos por laços indestrutíveis construídos ao longo de séculos", disse Aniceto Guterres Lopes, numa sessão solene do Parlamento Nacional de comemoração do 20.º aniversário da Constituição timorense, na qual participaram, entre outros, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Vossa Excelência deu uma nova dinâmica ao cargo de Presidente da República e aproximou-o dos cidadãos, corporizando uma política de afetos que caracteriza o povo português", acrescentou, considerando "uma honra e uma enorme alegria" poder partilhar com o Presidente português o 20.º aniversário da constituição e da restauração da independência.
Marcelo Rebelo de Sousa entrou na sala do plenário ao lado do seu homólogo timorense, José Ramos-Horta, que está hoje no primeiro dia do seu mandato, com os dois a ocuparem depois a tribuna de honra onde, de pé, ouviram primeiro o hino português e depois o timorense.
"É uma honra e uma enorme alegria partilhar com Vossa Excelência a celebração desta data histórica para nós, timorenses, que marcou o início da nova etapa da vida do nosso país", disse Aniceto Lopes.
"Portugal esteve ao lado dos timorenses na luta pelo direito à autodeterminação e pela independência, e ao nosso lado permaneceu após a restauração da independência", disse, afirmando que "Portugal tem, e sempre terá, um lugar especial no coração" dos timorenses.
"As relações de cooperação com Portugal e o apoio ao desenvolvimento do nosso país, nos domínios militar, social, na área da educação e na difusão da língua portuguesa, traço fundamental da nossa identidade, constituem uma ajuda preciosa que, é nosso desejo, possa vir a ser reforçada", afirmou Aniceto Guterres Lopes.
Referindo-se ao processo constitucional, o presidente do parlamento recordou que o país se ergueu "das ruínas e da destruição" com "esperança" e o sonho que "resistiu ao inimigo ao longo de 24 anos de luta".
A lei base, disse, traduz os esforços conjuntos em "prol do progresso e desenvolvimento do nosso país", manifestando um "forte compromisso na edificação de um ordenamento político, jurídico e institucional alicerçado nos princípios do Estado de Direito democrático e da dignidade humana".
Um documento, afirmou, que serviu de base para "arbitrar as diferenças" durante a "evolução política, social e económica" nas últimas duas décadas.
"Sabíamos há 20 anos, como sabemos hoje, que seria difícil o caminho de construção do Estado. Mas ninguém caminha sem ter aprendido a caminhar, e nós temos aprendido a fazer o nosso caminho. Com dificuldades, dúvidas, mas muita resiliência e espírito de sacrifício, em honra dos que lutaram para termos um país independente", afirmou.
Hoje, vincou, importa perceber que a constituição não funciona apenas no espaço teórico-normativo, mas deve "constituir um guia para a resolução dos grandes desafios políticos, sociais e económicos".
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