O presidente da Comissão da CEDEAO, Jean-Claude Kassi Brou, que dirigiu um relatório conjunto com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, Shirley Ayorkor Botchway, indicou que "a situação humanitária e securitária mantém-se difícil".
Citado pela agência noticiosa France-Presse, acrescentou que é "obviamente necessário medir esta situação, com base neste relatório que será apresentado aos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO".
A junta militar que comanda o Burkina Faso desde o início do ano estabeleceu um período de transição de três anos até à realização de eleições, mas a CEDEAO deseja que este prazo seja reduzido, tendo pedido, em 25 de abril, um calendário "razoável".
Por sua vez, Ouagadougou solicitou um adiamento suplementar, além do envio de uma missão "militar, política e humanitária" da CEDEAO para avaliar a situação nacional, antes de insistir sobre a sua exigência de encurtamento do período de transição.
A pedido da junta, uma delegação de peritos da CEDEAO avaliou a situação de segurança do Burkina Faso durante três dias e, segundo Kassi Brou, "conseguiu visitar determinados locais".
Nestes incluem-se as localidades de Kaya e Barsalogho, epicentros da crise que assola o norte do país, precisou a ministra dos Negócios Estrangeiros burquinabé, Olivia Rouamba.
Citada pela agência francesa, a responsável diplomática descreveu a missão como um "passo importante no prosseguimento das conversações entre o Burkina Faso e a CEDEAO" e no "acompanhamento do processo de transição", acrescentando que ambos os "chefes da delegação reafirmaram a vontade de trabalhar para o sucesso".
Em janeiro, o tenete-coronel Paul-Henri Damiba liderou um golpe de Estado que destituiu o Presidente Roch Marc Kaboré, levando à suspensão do país da CEDEAO.
Acusando o antigo chefe de Estado de ser incapaz de enfrentar a violência fundamentalista islâmica, a junta militar de Damiba declarou a segurança como prioridade.
Desde abril de 2015, o Burkina Faso tem sofrido uma espiral de violência encabeçada por movimentos extremistas islâmicos, ligados tanto à Al-Qaida como ao Estado Islâmico.
Os seus ataques já provocaram mais de 2.000 mortos e 1,85 milhões de deslocados internos, segundo números governamentais.
A região mais atingida pela insegurança insere-se no Sahel, junto à fronteira com o Mali e o Níger, embora os movimentos radicais também se tenham alargado a outras áreas vizinhas e, desde 2018, ao leste do país.
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