"Este ano está a ser difícil. Desde o início do ano a inflação acumulada está acima de 11%", referiu Vladimir Putin durante uma reunião do Conselho de Estado sobre o apoio social aos cidadãos.
No entanto, o chefe de Estado russo esclareceu que quando se refere a um ano difícil, isso não significa "de forma alguma que todas essas dificuldades estejam relacionadas com a operação militar especial" da Rússia na Ucrânia.
Putin apontou que países que não têm em curso operações militares, como na América do Norte e na Europa, a inflação é comparável e, analisando a estrutura económica, ainda maior do que na Rússia.
Para o Presidente russo, que recusou a assumir responsabilidades devido à atual crise económica global, depois de desacelerar o ritmo de subida, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) não deve ultrapassar os 15% no final do ano.
A dinâmica da economia russa é "muito melhor do que alguns especialistas previam" e a taxa de desemprego "não está a aumentar", mas "até caiu ligeiramente" e continua nos 4%, sublinhou.
Apesar destes argumentos, Putin considerou que os cidadãos russos devem ser ajudados devido às circunstâncias, determinando o aumento do nível de subsistência na Rússia em 10% a partir de 01 de junho, até 13.919 rublos por mês (cerca 234 dólares ou 219 euros) em média no país.
Segundo o ministro do Emprego e Proteção Social, Antón Kotiakov, cerca de 15 milhões de cidadãos recebem o mínimo de subsistência na Rússia.
A partir do mesmo dia, as pensões terão um aumento de 10%, o que se traduzirá em uma pensão média de 19.360 rublos (cerca 324 dólares ou 303 euros), segundo Kotiakov.
Também o salário mínimo terá um aumento de 10% para os 15.279 rublos por mês (cerca de 257 dólares ou 241 euros), adiantou Putin.
Esta medida afetará cerca de 4 milhões de russos, explicou Kotyakov.
Vladimir Putin propôs ainda aumentar o pagamento aos soldados que lutam na Ucrânia, embora não tenha avançado com valores, salientando a necessidade em resolver rápida e completamente os problemas relacionados com o apoio social aos militares em geral, aos feridos e às famílias dos militares mortos.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 91.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
Leia Também: Lavrov garante que Rússia continuará a ajudar África apesar das sanções