Apoio humanitário a rohingyas exige mais de 825 milhões de euros
O alto-comissário da ONU para os Refugiados disse hoje que as agências humanitárias precisam de mais de 825 milhões de euros este ano para apoiar 1,4 milhões de pessoas no Bangladesh, incluindo quase um milhão de refugiados rohingyas.
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O apelo visa ajudar cerca de 920 refugiados desta minoria, que fugiram de Myanmar (antiga Birmânia) sobretudo para a cidade portuária de Cox's Bazar e que têm sido instalados na ilha de lodo Bhasan Char, explicou Filippo Grandi, que termina hoje uma visita de cinco dias ao Bangladesh para analisar a situação dos rohingyas.
O fundo deverá também apoiar 540 mil bengalis vulneráveis, que moram nas comunidades para onde migraram os rohingyas, acrescentou o responsável da ONU, em comunicado divulgado pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
No entanto, referiu, o fundo de resposta a esta crise contava, até este mês, com apenas 13% do valor necessário para o ano 2022.
Por isso, Filippo Grandi defendeu hoje que o apoio aos rohingya e às comunidades locais de acolhimento no Bangladesh deve "ser sustentado e previsível" e considerou imprescindível manter a esperança dos refugiados num regresso voluntário a Myanmar, assim que a situação o permita.
O Bangladesh abriga cerca de um milhão de refugiados rohingyas que saíram de Myanmar, incluindo cerca de 738.000 que fugiram, desde agosto de 2017, de uma campanha lançada pelo exército birmanês descrita pela ONU como limpeza étnica e possível genocídio.
"O mundo tem de se lembrar da crise que os refugiados rohingyas e os seus anfitriões têm enfrentado nos últimos cinco anos. A vida dos refugiados depende de como a comunidade internacional responda" a esta crise, sublinhou Grandi.
O alto-comissário expressou gratidão ao Bangladesh e sublinhou os importantes avanços na resposta aos refugiados sob a liderança do atual Governo, incluindo a vacinação contra a covid-19 de mais de 88% da população de refugiados com mais de 18 anos.
"O Bangladesh continua a ser um parceiro prioritário do ACNUR, mas um apoio internacional contínuo é fundamental para salvar vidas e construir esperança", afirmou.
O alto-comissário considerou ainda que a solução para a crise de refugiados da minoria rohingyas está em Myanmar.
"É necessário mais apoio para criar condições que permitam retornos voluntários [a Myanmar] de forma justa, segura e sustentável", defendeu, acrescentando que os rohingyas com quem se encontrou durante a sua visita ao Bangladesh "manifestaram o seu desejo de voltar para casa quando as condições o permitirem".
Enquanto estiverem no Bangladesh, "é importante que os rohingyas possam viver com segurança e dignidade e que possam enviar os seus filhos à escola e aprender de acordo com o programa de educação do Myanmar", adiantou.
Para Grandi, é igualmente crucial "o desenvolvimento de capacidades para desenvolver atividades de subsistência em Cox's Bazar e em Bhasan Char" para permitir que os refugiados construam "comunidades pacíficas, contribuam para um ambiente seguro e mantenham o desejo de regressar" a casa.
O Bangladesh assinou, em outubro passado, um acordo com a ONU para apoio humanitário da organização aos rohingyas que vivem na ilha, que tem como objetivo proporcionar proteção, educação, formação profissional, meios de subsistência e acesso a cuidados de saúde, com o objetivo de aumentar o seu nível de vida e prepará-los para um futuro regresso a Myanmar.
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