"O Presidente dará uma explicação completa da sua visão da situação em relação aos cereais ucranianos", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações aos jornalistas.
"[Vladimir Putin] explicará aos nossos convidados, nossos amigos africanos, a situação de facto, o estado real das coisas. Explicará o que está a acontecer lá e que está a minar os portos, o que é necessário para os cereais saírem e que ninguém bloqueie essas portas", acrescentou.
Macky Sall, que detém atualmente a presidência da União Africana (UA), está na Rússia numa altura em que se receia uma crise global de alimentos após a ofensiva russa na Ucrânia, que levou a um aumento nos preços dos cereais e do petróleo, que superaram os das Primaveras Árabes de 2011 e as perturbações de 2008.
A ONU receia que haja "uma onda de fome", principalmente em países africanos que importavam mais de metade do seu trigo da Ucrânia ou da Rússia.
Apesar dos alertas, atualmente não há navios a sair da Ucrânia, que era o quarto exportador mundial de milho, a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de trigo, e que sozinha fornecia 50% do comércio mundial de sementes e óleo de girassol, antes do conflito, que entrou hoje no 100.º dia.
Moscovo alega que o bloqueio não é culpa sua, nem resultado da presença de sua frota de guerra ao largo da Ucrânia, mas sim porque os portos ucranianos estão minados por Kiev.
Além disso, as exportações russas de grãos estão em grande parte bloqueadas por causa de sanções logísticas e financeiras impostas pelo Ocidente para punir a Rússia pelo conflito na Ucrânia.
O Kremlin pediu o levantamento e a desminagem dos portos ucranianos para evitar uma crise alimentar mundial. Uma "chantagem", de acordo com Kiev.
Os serviços de Macky Sall tinham indicado na quinta-feira que a sua viagem "faz parte dos esforços da atual presidência da União [Africana] para contribuir para acalmar a guerra na Ucrânia, e para a libertação dos 'stocks' de cereais e fertilizantes, um bloqueio que afeta particularmente os países africanos".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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