A decisão resulta da decisão do Grupo de Bolonha, de 11 de abril, de "suspender a representação da Rússia e da República da Bielorrússia de todas as entidades" do sistema europeu de ensino superior, disse Dmitry Afanasiev, citado pelas agências russas TASS e Ria-Novosti.
"Tendo em conta que os nossos reitores e chefes de organizações educacionais assinaram a declaração da União Russa de Reitores de apoio ao Presidente [Vladimir Putin] relativamente à operação especial [na Ucrânia], todas as organizações educacionais do país foram excluídas do processo de Bolonha", afirmou.
Afanasiev disse que a Rússia não precisa de denunciar quaisquer acordos relativamente ao sistema educativo europeu.
"Eu diria que o Processo de Bolonha se retirou da Rússia, e não o contrário", justificou, durante uma reunião do Conselho da Federação sobre ciência, educação e cultura.
No final de maio, o ministro da Ciência e do Ensino Superior russo, Valery Falkov, tinha anunciado que a Rússia se iria retirar do processo de Bolonha, a que chamou uma "fase da vida", e que desenvolveria um sistema próprio de ensino superior.
"O nosso próprio sistema único de ensino baseado em interesses económicos nacionais e centrado na expansão das possibilidades para cada estudante é o futuro", afirmou o ministro na altura.
O ministério disse que a mudança não será radical e que haverá um período de transição do sistema de Bolonha para o sistema russo.
Em março, a União Russa de Reitores manifestou o seu apoio à invasão da Ucrânia, lançada pela Rússia em 24 de fevereiro.
Numa declaração adotada em 11 de abril, o Grupo de Bolonha suspendeu os direitos de representação da Rússia e da Bielorrússia em todas as instituições e atividades do sistema educativo europeu devido à invasão da Ucrânia.
A Rússia aderiu ao sistema de Bolonha em 2003, e a Ucrânia em 2005.
Lançado em 1999, o Processo de Bolonha levou à criação do Espaço Europeu do Ensino Superior (EEES), que integrava até agora 49 países com "diferentes tradições políticas, culturais e académicas", segundo a informação disponibilizada no respetivo portal.
Para fazerem parte, os países participantes têm de adotar reformas no ensino superior com base em valores comuns, "tais como a liberdade de expressão, autonomia das instituições, sindicatos estudantis independentes, liberdade académica, livre circulação de estudantes e de pessoal", segundo o EEES.
O sistema prevê, entre outras questões, a livre circulação de estudantes, professores e pessoal de gestão, e o aumento da competitividade das universidades europeias no mercado educativo global.
Portugal integra o Processo de Bolonha desde 1999.
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