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Moçambique vai levar à ONU experiência na resolução de conflitos

Analistas disseram hoje à Lusa que uma eventual eleição de Moçambique para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU vai permitir que o país leve àquele órgão a sua experiência na resolução de conflitos, através do diálogo. 

Moçambique vai levar à ONU experiência na resolução de conflitos
Notícias ao Minuto

13:34 - 07/06/22 por Lusa

Mundo Conselho de Segurança

"Temos um ganho de ser um país que sempre vive e viveu de conflitos, temos uma experiência acumulada também para partilhar com o mundo", disse à Lusa o politólogo moçambicano João Pereira. 

Pereira assinalou que o país pode levar para o palco internacional a sua visão sobre a raiz das guerras no mundo, dado que tem conhecido vários conflitos ao longo da sua história. 

Por outro lado, prosseguiu, no Conselho de Segurança da ONU, será possível ampliar a voz em relação a vários temas que fazem parte da agenda global. 

"Os países africanos precisam de estar sempre nestes fóruns, como forma de colocar a voz na agenda global. Não podemos sempre delegar, temos de ser nós a fazer a nossa história", destacou João Pereira, que é também docente na Universidade Eduardo Mondlane, a maior e mais antiga de Moçambique.  

Por seu turno, Francisco Carmona, editor executivo do semanário Savana, defendeu que a eleição de Moçambique para membro não permanente das Nações Unidas vai dar ao país a oportunidade de mostrar o diálogo como a caminho para a paz. 

"Moçambique terá de fazer de tudo no sentido de convencer os outros Estados-membros que o caminho para a paz e segurança internacional é o diálogo, num contexto em que a Europa do Leste está em guerra", salientou Francisco Carmona. 

O jornalista apontou o aumento da reputação do país na comunidade internacional, observando que Maputo já "é bem visto", a avaliar pelo apoio declarado pela União Africana (UA) à candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. 

"O facto de Moçambique ter conseguido apoio de toda a União Africana é uma amostra de que somos bem vistos e respeitados. Expressa também que somos reconhecidos em matéria de paz e segurança internacional", enfatizou. 

O diplomata e antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique Hipólito Patrício também defendeu que o país poderá contribuir para o reforço do papel das Nações Unidas como instrumento de paz e segurança mundiais. 

"A par da paz, para a estabilidade mundial, há que ter em conta os eventos extremos causados pelas mudanças climáticas. Sendo um país que sofre ciclicamente, vamos partilhar a experiência na gestão e mitigação dos impactos negativos dos desastres naturais", afirmou Patrício, em entrevista ao semanário Domingo. 

Aquele diplomata referiu que o país vai levar igualmente as lições do combate ao "terrorismo" na província de Cabo Delgado, região norte. 

A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse na segunda-feira que o país vai trabalhar na preservação da paz e segurança no mundo, durante o seu mandato, em caso de eventual eleição a membro não permanente do Conselho de Segurança. 

O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e dez não permanentes. 

Moçambique vai tentar substituir o Quénia na vaga do representante africano. 

A eleição vai acontecer na quinta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque. 

PMA // VM

Lusa/Fim

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