Indonésia e Malásia convocam diplomatas indianos após frases "ofensivas"
A Indonésia e a Malásia anunciaram hoje ter convocado os embaixadores indianos nos seus países após declarações de dois responsáveis do partido no poder na Índia, consideradas "insultuosas" e "ofensivas" para o Islão.
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Mundo Islão
Em causa estão declarações da porta-voz do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP), Nupur Sharma, que criticou a relação entre o profeta Maomé e a sua mulher mais nova, e do responsável do partido pelos media em Delhi, Naveen Jindal, que na semana passada colocou uma mensagem na rede social Twitter sobre o profeta do Islão.
Ambos os responsáveis foram afastados de funções na sequência da polémica.
O embaixador da Índia na Indonésia, Manoj Kumar Bharti, foi convocado e recebeu uma queixa do Governo por retórica anti-muçulmana, disse à agência France-Presse (AFP) o porta-voz da diplomacia indonésia, Teuku Faizasyah.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Jacarta publicou na segunda-feira no Twitter um comunicado em que "condena firmemente os comentários insultuosos inaceitáveis" feitos por "dois responsáveis políticos indianos" a propósito do profeta Maomé.
O governo da Malásia, por seu lado, condenou "sem reservas os comentários ofensivos" dos políticos indianos, segundo disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, que acrescentou ter transmitido a sua "total condenação" ao embaixador indiano.
A Malásia apela à Índia para que trabalhem em conjunto para "pôr fim à islamofobia e cessar qualquer ato de provocação no interesse da paz e da estabilidade", acrescentou o ministério no seu comunicado.
O partido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, regularmente acusado de discriminar a minoria muçulmana na Índia (cerca de 14% da população), disse em comunicado que "respeita todas as religiões".
Nupur Sharma escreveu no Twitter que respondia a "insultos" contra o deus indiano Shiva, mais que retirava "sem reservas" os seus comentários se estes tivessem "ferido os sentimentos religiosos de quem quer que fosse".
A Organização da Cooperação Islâmica (OCI), sediada na Arábia Saudita e que reúne cerca de 60 países muçulmanos, nomeadamente a Indonésia, condenou no domingo as declarações da responsável indiana num "contexto de islamofobia na Índia".
Um alto responsável dos ulemás indonésios (MUI), Sudarnoto Abdul Hakim, classificou na segunda-feira os comentários como "irresponsáveis, indelicados", considerando que "feriram os sentimentos dos muçulmanos no mundo inteiro".
Acrescentou que as declarações são contrárias à resolução para combater a islamofobia adotada em março pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
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