"Tememos que esta crise se transforme numa emergência humanitária em grande escala e estamos a tomar medidas para lidar com essa preocupação", disse o porta-voz das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Jens Laerke, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
O Sri Lanka está a passar pela sua pior crise económica desde a sua independência e enfrenta uma grave escassez de combustível, alimentos e remédios devido à falta de moeda estrangeira, juntamente com a inflação galopante.
"Ontem [sexta-feira], as Nações Unidas no Sri Lanka, juntamente com nossas ONG [Organizações Não Governamentais] parceiras, lançaram um plano de 47 milhões de dólares para responder imediatamente às necessidades de 1,7 milhões de pessoas mais vulneráveis e afetadas", disse Jens Laerke.
Este plano quadrimestral tem como principal objetivo a "ajuda humanitária imediata e vital para as pessoas mais gravemente afetadas".
O responsável adiantou, ainda, que o plano "também foi elaborado com organizações de desenvolvimento para evitar que uma crise humanitária ainda maior ocorra no futuro".
Os 22 milhões de habitantes deste país insular perto da Índia vivem há meses ao ritmo de apagões diários, longas filas de gasolina e inflação recorde.
O governo tem uma dívida externa de 51 mil milhões de dólares, enfrentando uma grave escassez de moeda estrangeira, o que está a impedir os comerciantes de importar alimentos, combustível e outros itens essenciais.
As Nações Unidas "já viram as graves consequências da crise", disse Jens Laerke, explicando que "muitas pessoas estão privadas de alimentos, meios de subsistência e a agricultura também são afetados".
"O acesso das famílias à saúde, serviços de proteção e educação está em risco", acrescentou.
O representante do Unicef no Sri Lanka, Christian Skoog, alertou, também, para a terrível situação naquele país, onde 17% das crianças menores de cinco anos no país já sofriam de desnutrição e atraso no crescimento antes da crise.
Skoog disse ainda que a Unicef identificou 56 mil crianças que sofrem de desnutrição aguda grave: "eles estão todos potencialmente em risco de morte", alertou.
"Faz 10 anos que tivemos um plano humanitário interagências para o Sri Lanka. Mas hoje temos vidas e meios de subsistência que estão em risco, pois a economia oscila à beira do colapso no país", disse Christian Skoog.
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