Bachelet garante que "levantou preocupações" sobre direitos na China
A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse hoje, em Genebra, que durante a visita à China "levantou preocupações" sobre as violações de direitos humanos, nomeadamente dos uígures e de outras minorias muçulmanas em Xinjiang.
© Reuters
Mundo China
Michelle Bachelet, cuja deslocação à China, em maio, foi muito contestada pelas organizações não-governamentais de direitos humanos, explicou hoje, na abertura da 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, que enquanto esteve no país se encontrou com "altos dirigentes e funcionários" a nível nacional e "representantes-chave" a nível regional em Guangdong e Xinjiang.
"Tivemos discussões sobre preocupações específicas de direitos humanos, incluindo violações dos direitos humanos no contexto das políticas chinesas de combate ao terrorismo e salvaguarda da segurança nacional, proteção dos direitos das minorias étnicas e religiosas, proteção judicial e jurídica, incluindo para as mulheres", disse Bachelet.
A responsável da ONU garantiu ainda ter levantado "preocupações relativamente à situação dos direitos humanos dos uígures e outras minorias predominantemente muçulmanas em Xinjiang, incluindo sobre detenções arbitrárias e padrões de abuso" tanto no denominado sistema de 'Centros de Educação e Treino Profissional' (CETP)como em outras instalações de detenção.
A visita de Bachelet foi muito criticada e, no início de junho, mais de 230 organizações de direitos humanos, incluindo portuguesas, exigiram a sua demissão, acusando-a de "branqueamento de atrocidades" na China.
Segundo os ativistas, Michelle Bachelet legitimou "a tentativa de Pequim de encobrir os seus crimes usando o falso enquadramento de 'contraterrorismo' do Governo chinês" ao referir-se repetidamente aos campos de internamento pela designação do governo chinês: 'Centros de Educação e Treino Profissional' (CETP).
Os governos ocidentais e as organizações não-governamentais (ONG) dos direitos humanos acusam a China de deter mais de um milhão de uígures e membros de outras minorias muçulmanas em campos de reeducação.
Os ativistas pediram ainda ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para que não propusesse a renovação do mandato de Bachelet, que hoje, anunciou que não se recandidatará ao cargo depois do fim do atual mandato a 31 de agosto.
Michelle Bachelet disse ainda que o seu gabinete está a concluir a avaliação sobre a situação dos direitos humanos em Xinjiang, que deverá ser partilhada com o Governo chinês "para comentários factuais" antes da publicação.
Bachelet foi também criticada por não ter incluído as regiões do Tibete e Hong Kong no roteiro da visita.
"Levantei questões de direitos humanos nas regiões do Tibete e Hong Kong e discuti possíveis ações de acompanhamento", disse a alta-comissária, sublinhando a "importância do diálogo com todos os estados membros, mesmo nas questões mais difíceis".
Michelle Bachelet revelou também ter acordado com o Governo da China a realização de uma reunião anual de alto nível sobre direitos humanos.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) decorre até 08 de julho, em Genebra.
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