Polaco que resgatou judeus durante o Holocausto morreu aos 102 anos

Józef Walaszczyk, membro da resistência polaca que auxiliou dezenas de judeus durante a ocupação nazi na Polónia, ao longo da Segunda Guerra Mundial, morreu aos 102 anos.

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© Twitter / Institute of National Remembrance

Lusa
22/06/2022 06:41 ‧ 22/06/2022 por Lusa

Mundo

Óbito

O Instituto de Memória Nacional, um órgão histórico do Estado polaco, divulgou que Walaszczyk morreu na segunda-feira, noticiou a agência Associated Press (AP).

Walaszczyk apaixonou-se durante a guerra por uma mulher judia, Irena Front, descobrindo apenas esse facto quando as forças alemãs da Gestapo revistaram um hotel onde os dois estavam hospedados.

O polaco ajudou Irena Front a esconder-se a procurou distrair os elementos da Gestapo, fingindo uma doença.

Mais tarde, conseguiu que Irena Front obtivesse documentos falsos, inclusive através de uma casamento fictício com esta.

Pouco depois, Front e outros 20 judeus foram presos pela Gestapo.

"Se alguma coisa tinha de ser feita, tinha de ser por todos eles. Eu tinha que encontrar um quilo de ouro até às 17:00 e já era meio-dia. Só então os alemães esqueceriam o incidente e libertariam os judeus", contou Walaszczyk em entrevista, segundo o Museu POLIN da História dos Judeus Polacos em Varsóvia.

Walaszczyk conseguiu recolher e pagar o resgate exigido, salvando assim a vida de 21 pessoas.

O polaco também providenciou emprego a 30 judeus numa fábrica de farinha de batata, que geria devido ao seu conhecimento da língua alemã.

Os empregados judeus mantiveram-se vivos graças ao suborno de um oficial alemão, sendo que a maioria destes sobreviveu à guerra, segundo o órgão histórico do Estado polaco e o museu.

No total, Walaszczyk disse ter salvo 53 judeus.

Józef Walaszczyk também esteve envolvido na resistência polaca, que resistiu à ocupação alemã da Polónia durante a guerra.

O polaco quase foi morto por um esquadrão de execução alemão de três homens, depois de ter sido apanhado a carregar pacotes para o Exército da Pátria, movimento de resistência antialemão da Polónia.

Naquele momento, contou, teve vontade de gritar "Viva a Polónia", mas absteve-se com receio que os alemães o pudessem prender e infligir sofrimento a outros polacos por vingança.

Um gabinete da Gestapo interveio no último momento, alegando que a morte teria sido fácil demais para o polaco e que deveria ser enviado para Auschwitz.

A sua vida acabou poupada após a sua mãe ter intercedido junto de um oficial alemão de alta patente, que valorizava o seu trabalho na fábrica.

Walaszczyk participou ainda na Revolta de Varsóvia de 1944, uma revolta contra os ocupantes alemães que foi brutalmente esmagada.

Após a guerra, o casal separou-se e o polaco trabalho no comércio até aos 94 anos.

Graças aos esforços de Irena Front, Walaszczyk foi homenageado em 2002 como "Justo entre as Nações" pelo Centro Mundial de Memória do Holocausto, honra que reconhece aqueles que salvaram judeus em toda a Europa ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

Leia Também: Morre aos 94 anos único sobrevivente do Holocausto nascido no Brasil

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