Reino Unido levanta restrições a alimentos produzidos em Fukushima
Os produtos provenientes da região onde ocorreu o desastre nuclear continuam a não chegar às prateleiras de muitos países, incluindo da União Europeia.
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Mundo Fukushima
O Reino Unido vai passar a disponibilizar, a partir desta quarta-feira, comida importada a partir de Fukushima, a cidade japonesa onde, em 2011, ocorreu o maior desastre nuclear desde a explosão em Chernobyl.
Segundo o jornal The Guardian, a notícia surge depois de, há semanas, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson ter comido pipocas provenientes da prefeitura onde fica a central nuclear desativada.
Em todo o mundo, mantêm-se restrições aos produtos alimentares provenientes de Fukushima, devido aos níveis de radioatividade na terra e na água em torno da central nuclear. Na União Europeia, continua a haver restrições aos produtos da região japonesa - de tal forma que os habitantes da Irlanda do Norte continuarão a não poder consumir esses alimentos.
Boris Johnson confirmou o levantamento das restrições na quarta-feira, depois de uma reunião com o primeiro-ministro japonês à margem da cimeira do G7, em Munique.
Citado pelo The Guardian, o primeiro-ministro britânico disse que o Reino Unido e o Japão são "duas grandes ilhas democráticas, unidas nos seus valores, determinadas a lutar contra autocracias e os perigos de voltar atrás no mundo, mas que querem cooperar mais na tecnologia, na segurança, no comércio".
"E estou obviamente feliz que amanhã [quarta-feira], finalmente, possamos ter produtos originários de Fukushima em todas as lojas do Reino Unido", salientou Boris Johnson.
O anúncio de Johnson surge também depois da autoridade responsável pela supervisão de alimentos no Reino Unido ter relaxado o limite de radioatividade por quilograma que a comida japonesa importada pode conter - apesar de, no ano passado, ter considerado que aumentar o limite de becquerels (a unidade do Sistema Internacional de radioatividade) era um risco.
O mesmo jornal britânico acrescenta que grandes empresas de supermercados não planeiam vender produtos de Fukushima, pelo que a maioria dos produtos ficarão disponíveis em restaurantes e lojas especificamente japonesas em Inglaterra, na Escócia e no País de Gales.
O levantamento destas restrições pelo Reino Unido afetam 23 produtos, incluindo cogumelos, que antes precisavam de ser testados para a presença de material radioativo.
O governo de Fukushima garante que os seus 'standards' para a comida produzida na região são altamente restritivos, e que os produtos que saem da região são seguros. O limite de 100 becquerels por quilograma de alguns produtos essenciais, como carne e vegetais, é mais rígido que os limites impostos pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
O desastre nuclear de Fukushima ocorreu a 11 de março de 2011, quando um terramoto e um gigantesco tsunami causaram falhas graves em três dos seis reatores nucleares da central, levando a três explosões e à disseminação de vastas quantidades de radioatividade, que contaminaram a terra e o oceano em torno da região. O acidente forçou o governo japonês a evacuar centenas de milhares de pessoas e a criar um perímetro de dezenas de quilómetros à volta do complexo.
Mais de dez anos depois, a zona está agora mais segura e são contínuas as negociações diplomáticas entre o Japão e outros países para o derrame de resíduos nucleares para o Oceano Pacífico.
Apesar de ter tido dimensões mais pequenas, graças à rápida atuação do governo do Japão, o desastre nuclear de Fukushima é o segundo maior desastre da história, atrás apenas do de Chernobyl, em 1986.
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