ONU e União Africana condenam mortes resultantes da repressão no Sudão
Vários organismos internacionais e regionais que promovem o diálogo no Sudão, incluindo Nações Unidas e União Africana (UA), condenaram hoje o "uso excessivo da força" pela polícia contra manifestantes, que provocou a morte de nove pessoas na quinta-feira.
© Reuters
Mundo Repressão
A Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão (Unitams), a UA e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento na África Oriental (IGAD), que constituem o chamado "mecanismo tripartido", condenaram ainda o corte dos serviços de Internet móvel e por cabo por parte das autoridades.
"O mecanismo tripartido condena nos termos mais veementes o uso excessivo da força pelas forças de segurança contra os protestos, o que resultou na morte de pelo menos nove pessoas e no ferimento de muitas mais", afirmaram os três organismos numa declaração conjunta.
"Consideramos também a restrição do uso da Internet e da rede de telefone móvel uma violação da liberdade de expressão e do acesso à informação", acrescenta o texto.
Dezenas de milhares de pessoas saíram novamente às ruas do Sudão na quinta-feira em mais um dia de protestos, que vêm a repetir-se quase semanalmente, contra a liderança militar que dirige o país desde o golpe militar de outubro passado.
Segundo o Comité Médico Sudanês, organização da sociedade civil que se opõe ao regime militar sudanês que tem vindo a contabilizar as mortes de civis nos protestos e a tratar os feridos, pelo menos nove pessoas foram mortas em Cartum e nas cidades de Bahri e Um Durman, próximas da capital.
O comité anunciou hoje a morte num hospital da capital de mais um manifestante, "ferido nos protestos em 24 de junho em Cartum, brutalmente espancado por uma coronha de espingarda", elevando "o número total de mártires desde o golpe de 25 de outubro para 113".
Os membros do mecanismo tripartido lamentaram igualmente a impunidade destes atos de violência, ao mesmo tempo que instaram a liderança militar que governa o país desde o golpe a "tomar todas as medidas necessárias para acabar com a violência, pôr fim às detenções e prisões arbitrárias e respeitar os direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica".
"A tomada destas medidas não só significa que o Sudão procura cumprir as suas obrigações internacionais no domínio dos direitos humanos, mas também assegura um ambiente conducente ao sucesso do processo político em curso", considerou a declaração.
As mortes dos nove manifestantes na repressão policial de quinta-feira e "relatos de dezenas de detidos" foram também condenadas pela organização Human Rights Watch, que apelou aos "governos interessados para que deem um passo em frente e tomem medidas" para pôr fim à "repressão coordenada e planeada contra os manifestantes".
"Os parceiros do Sudão deixaram de poder virar as costas e ignorar a forma como os líderes golpistas do país mostram as suas verdadeiras cores e o total desrespeito pelas vidas e direitos dos sudaneses", afirmou Mohamed Osman, investigador dedicado às questões do Sudão na organização não-governamental com sede em Nova Iorque.
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