Zelensky pede participação do mundo democrático na reconstrução do país
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje aos países democráticos para aderirem ao plano de reconstrução da Ucrânia, na abertura de uma conferência internacional em Lugano, Suíça, sobre o apoio ao país devastado pela guerra.
© Lusa
Mundo Ucrânia
"A reconstrução da Ucrânia é a tarefa comum de todo o mundo democrático", afirmou Zelensky ao dirigir-se por videoconferência aos participantes na conferência de Lugano, citado pela agência francesa AFP.
Zelensky considerou que a participação no plano de reconstrução constituirá a "contribuição mais importante para a paz mundial" e ficará assinalada no território ucraniano.
"Entre outras coisas, irá criar milhões de novas ligações no mundo democrático, na Europa, entre os nossos países. Cada cidade, cada comunidade, cada indústria que vai ser reconstruída terá provas históricas de quem ajudou nisto", disse Zelensky, segundo a agência ucraniana Ukrinform.
O líder ucraniano agradeceu à Dinamarca, que se ofereceu para reconstruir Mykolaiv (sudeste), e ao Reino Unido, pelo interesse manifestado na reconstrução da região de Kiev, a capital da Ucrânia.
"Convido também todos os países do mundo civilizado e empresas ambiciosas a juntarem-se aos nossos esforços", apelou.
Zelensky também agradeceu à Comissão Europeia a criação de uma plataforma especial para a reconstrução da Ucrânia e defendeu que as necessidades e os sentimentos dos ucranianos devem estar em primeiro lugar.
O projeto, referiu, deve ter como princípios-chave a segurança, a eficiência tecnológica, o cumprimento de normas ambientais, a utilização de tecnologias verdes, o enfoque nos interesses das comunidades e a transparência no planeamento e utilização dos fundos.
Zelensky defendeu o "máximo enraizamento" do projeto de reconstrução na vida económica real da Ucrânia para que os resultados sejam duradouros.
Acrescentou que o plano visa igualmente o "desenvolvimento institucional" do país.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Schmygal, que se deslocou a Lugano, sugeriu que os bens russos congelados devem ser usados para cobrir parte dos 750.000 milhões de dólares (mais de 718.800 milhões de euros) que poderão ser gastos no plano de reconstrução.
"Quem deveria pagar o plano de reconstrução, que já está estimado em 750 mil milhões de dólares?", questionou Chmygal, citado pela AFP.
O próprio chefe do Governo respondeu que esse financiamento deve incluir os ativos russos congelados no âmbito das sanções impostas à Rússia por ter invadido a Ucrânia.
As estimativas do montante de ativos russos em causa variam entre 300.000 milhões e 500.000 milhões de dólares (entre cerda de 287.500 milhões e mais de 479.000 milhões de euros), de acordo com Chmygal.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou que a reconstrução da Ucrânia deve resultar num país melhor do que aquele que existia antes da guerra lançada pela Rússia em 24 de fevereiro.
"Sabemos que a sua luta [dos ucranianos] é também a nossa luta e é por isso que estamos a ajudar a Ucrânia a vencer esta guerra. Temos também de garantir que a Ucrânia ganhará a paz", disse Von der Leyen, citada pela AFP.
Participam na conferência de dois dias representantes de cerca de quatro dezenas de países, de instituições internacionais e do setor privado.
A delegação da Ucrânia inclui o presidente do parlamento, Ruslan Stefanchuk.
Portugal está representado pelo ministro da Educação, João Costa.
Em maio, quando visitou Kiev, o primeiro-ministro português, António Costa, manifestou a Zelensky a disponibilidade de Portugal para participar num programa de reconstrução de escolas e jardins-de-infância.
Em alternativa, Portugal poderá patrocinar a reconstrução de uma zona territorial a indicar pelas autoridades ucranianas, disse Costa na altura.
A conferência deverá ser marcada por uma declaração comum que deve estabelecer as "prioridades, método e princípios" deste projeto de recuperação.
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