"Ainda não há condições para se dizer que vai haver escoamento por mar de cereais da Ucrânia, mas estamos mais próximos dessa possibilidade do que estávamos há alguns dias. Os nossos votos são para que todos os envolvidos continuem a fazer os esforços possíveis para chegar a um entendimento", afirmou João Gomes Cravinho, em declarações à agência Lusa.
"São notícias que criam grande expectativa. As Nações Unidas e o próprio secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres] têm estado envolvidos, têm feito um trabalho extraordinário -- muito minucioso de diálogo diplomático com as duas partes e também com o apoio da Turquia", adiantou.
O chefe da diplomacia falava à margem da sessão de encerramento do Ciclo de Conferências "A Diplomacia e a Independência de Portugal", no Palácio da Independência, em Lisboa.
O Ministério da Defesa russo anunciou hoje que estará pronto em breve um "documento final" para permitir a exportação de cereais da Ucrânia, na sequência de negociações realizadas esta semana entre Moscovo, Kiev, Ancara e a ONU.
"As propostas da Rússia foram apoiadas, no seu conjunto, pelos participantes nas negociações. E muito em breve o trabalho de redação do documento final 'A Iniciativa do Mar Negro' estará concluído", afirmou o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, num vídeo hoje divulgado.
As medidas propostas por Moscovo pretendem evitar que "as cadeias de abastecimento em causa sejam utilizadas para entregas de armas ao regime de Kiev", adiantou sem avançar mais pormenores.
Na quarta-feira, após uma reunião de especialistas militares em Istambul sobre o bloqueio das exportações de cereais dos portos ucranianos, foi anunciado um progresso significativo, mas não foram dados detalhes.
A Turquia está a organizar uma nova reunião para a próxima semana sobre a questão, enquanto os presidentes russo e turco, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, se irão reunir em Teerão na terça-feira.
O acordo negociado pela ONU visa permitir levar, através do Mar Negro, cerca de 20 milhões de toneladas de cereais bloqueados em silos ucranianos por causa da ofensiva liderada pela Rússia e facilitar as exportações russas de cereais e fertilizantes, afetadas pelas sanções ocidentais.
Os produtos agrícolas russos e ucranianos são essenciais para evitar que as crises alimentares se multipliquem no mundo.
A invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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