"Preciso de ajuda, por favor". Australiano morre em prisão síria

Yusuf Zahab, de 17 anos, pediu ajuda a uma organização de direitos humanos após ter sido ferido.

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Beatriz Maio
18/07/2022 15:19 ‧ 18/07/2022 por Beatriz Maio

Mundo

Tragédia

O australiano Yusuf Zahab, de 17 anos, que tinha várias vezes pedido ajuda, morreu na prisão improvisada e sobrelotada al-Sina'a, na Síria, dirigida pelas Forças Democráticas Sírias (SDF), apoiadas pelos Estados Unidos da América (EUA).

O local onde Zahab se encontrava, coordenado por um grupo armado curdo, detém suspeitos sírios e estrangeiros alegadamente pertencentes ao Estado Islâmico, revelou a sua família e a Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW).

O adolescente, que nasceu em Sydney e foi levado para a cidade de al-Hasakah pela família quando tinha 11 anos, morreu de causas desconhecidas depois de ter sido "detido injustamente" durante anos, informa o canal televisivo Al Jazeera.

Zahab tinha apenas 14 anos quando foi separado da mãe e preso juntamente com centenas de outros rapazes sírios e estrangeiros. Após uma guerra, em janeiro, provocada pelas SDF para retomar a prisão, Zahab enviou à Human Rights Watch várias gravações áudio a pedir ajuda e a descrever a falta de tratamento médico, comida e água.

"Fui ferido na cabeça e na mão", disse Zahab na altura, descrevendo: "Perdi muito sangue. Não há médicos aqui, não há ninguém que me possa ajudar. Estou muito assustado, preciso de ajuda, por favor... Os meus amigos foram mortos à minha frente, uma criança de 14 e outra de 15 anos. Há muitos cadáveres e pessoas feridas a gritar devido às dores".

Letta Tayler, diretora do setor de crise e conflito da Human Rights Watch, apelidou a morte do australiano de "uma tragédia evitável e chocante". Nas redes sociais deixou a mensagem: "O rapaz australiano de 17 anos que enviou à HRW pedidos desesperados de ajuda durante a tomada do Estado Islâmico de uma prisão onde ele foi ilegalmente detido, morreu na Síria, disse a sua família. A causa e a data da morte não são claras. Uma tragédia evitável e chocante."

Noutra publicação Tayler questionou: "Quantos mais detidos morrerão antes que os países tragam para casa os seus nacionais?".

O Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio da Austrália revelou ter sido oferecida assistência consular à família de Zahab e acrescentou que está a trabalhar para confirmar se o adolescente foi morto.

Após a queda do Estado Islâmico em 2019, milhares de mulheres e crianças cujos maridos e pais tinham apoiado o grupo foram aprisionadas pela SDF em locais improvisados.

Leia Também: Coreia do Norte junta-se a Rússia e Síria e reconhece Donetsk e Lugansk

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