Capitólio: Seleção de júri no julgamento de ex-conselheiro de Trump

A seleção do júri no julgamento de Steve Bannon, ex-estratega de Donald Trump acusado de desobediência à intimação para testemunhar sobre a invasão ao Capitólio, começou na segunda-feira no tribunal federal de Washington.

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© Nathan Howard/Getty Images

Lusa
19/07/2022 00:27 ‧ 19/07/2022 por Lusa

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EUA

Bannon é acusado pelo tribunal de desafiar uma intimação do painel da Câmara dos Representantes que investiga a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, ocorrida em 06 de janeiro de 2021, e que procurou obter documentos e testemunhos.

O ex-assessor de Trump foi indiciado em novembro por duas acusações de desacato ao Congresso, sendo que cada acusação pode implicar um mínimo de 30 dias de prisão e até um ano de prisão.

No início da tarde, oito jurados estiveram no processo lento de seleção, conhecido como 'voir dire' [termo jurídico relacional com julgamentos com júris].

Grande parte das questões a potenciais jurados, feitas pelo advogado de Bannon, Evan Corcoran, centrou-se no tempo de atenção que estes tiveram às audiências públicas sobre a invasão ao Capitólio e se estes têm opiniões sobre o comité de investigação e o seu trabalho.

Num dos casos, um dos potenciais jurados disse categoricamente ao juiz distrital dos EUA Carl Nichols que permanecer imparcial seria "um desafio", porque acredita que Bannon "é culpado".

A afirmação, além de o desqualificar para um potencial papel de jurado, levou ao questionamento de outras pessoas que se sentaram ao lado deste homem, para determinar o quanto tinha partilhado a sua opinião.

Este julgamento tem sido intenso desde 09 de julho, pois há cerca de uma semana o ex-estrategista da Casa Branca notificou o comité que estaria agora disponível para testemunhar, embora o juiz tenha mantido as datas previstas.

Robert Costello, antigo advogado de Bannon, referiu que a mudança ocorreu porque Trump renunciou à sua reivindicação de privilégio executivo para impedir o depoimento.

Bannon, de 68 anos, transformou-se num dos mais proeminentes aliados de Trump, ao recusar-se a testemunhar perante o comité da Câmara dos Representantes, que procura determinar a influência do magnata republicano na invasão mortal ao Congresso norte-americano, na tentativa de anular a certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden nas presidenciais de novembro de 2020.

O ex-assessor alegou o privilégio executivo de Trump, que permite aos presidentes reter informações confidenciais dos tribunais e do poder executivo.

No entanto, o comité apontou que Trump demitiu Bannon da Casa Branca em 2017 e que este era, portanto, um cidadão comum quando manteve relacionamento e aconselhamento junto de Trump, no período que antecedeu o motim.

O juiz distrital dos Estados Unidos, Carl Nichols, já recusou moções para adiar o julgamento na semana passada, incluindo na quinta-feira, quando os advogados de Bannon levantaram preocupações sobre uma reportagem da CNN transmitida sobre o seu cliente e o que alegaram serem comentários prejudiciais feitos durante uma audiência na semana passada realizada pela comissão de investigação.

Ao mesmo tempo que permitiu que o julgamento avançasse, Nichols deixou em aberto a possibilidade de que as cartas de Trump renunciando ao seu privilégio e à oferta de Bannon de cooperar com o comité pudessem ser referenciadas no julgamento, dizendo que a informação era "pelo menos potencialmente relevante" para a defesa de Bannon.

Steve Bannon, que esteve envolvido na estratégia para tentar manter Trump na Casa Branca após a derrota em 2020, ainda é um aliado do ex-presidente.

A sua mudança de posição, mostrando disponibilidade para testemunhar, foi vista como uma tentativa de mitigar as consequências de desobedecer à intimação, dando-lhe espaço para argumentar que o incumprimento se deveu ao "privilégio executivo" invocado por Trump.

Leia Também: Trump 'joga' com comissão sobre Capitólio no anúncio de recandidatura

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