"Não houve consenso. Isto foi comunicado ao embaixador ucraniano na Argentina e no Paraguai pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros", afirmou Raul Cano, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Paraguai, o país anfitrião da cimeira, sem ficar claro qual ou quais foram os estados a manifestar a sua oposição ao discurso.
Na última semana, o Presidente ucraniano contactou o seu homólogo paraguaio, Mario Abdo, para pedir um espaço virtual de participação durante a cimeira, que arranca na quinta-feira, depois da reunião regular do Conselho do Mercosul.
Quando o conflito entre Rússia e Ucrânia teve início, em fevereiro, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, vincou que o seu país permaneceria "neutro". Bolsonaro tinha viajado para Moscovo para conversações com Vladimir Putin dias antes da invasão, em 24 de fevereiro.
Já no final de junho, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo russo, Jair Bolsonaro assegurou um compromisso da Rússia de garantir um fornecimento "ininterrupto" de fertilizantes, uma matéria vital para a poderosa indústria agroalimentar brasileira. Posteriormente, foi a vez do Brasil assumir que planeava comprar o máximo de gasóleo que pudesse da Rússia, apesar da invasão e das sanções da comunidade internacional.
Entretanto, o Presidente argentino, Alberto Fernandez, tinha-se deslocado a Moscovo para se encontrar com Vladimir Putin no início de fevereiro.
No rescaldo da guerra, Brasil e Argentina abstiveram-se de apoiar uma declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) que condenava a invasão russa da Ucrânia. No dia anterior, Alberto Fernandez tinha lamentado a "escalada belicosa" que levou à guerra.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Volodymyr Zelensky fez numerosos discursos virtuais em cimeiras, parlamentos e eventos mediáticos, como nas reuniões da NATO e do G7, no Congresso dos Estados Unidos e até na abertura do Festival de Cinema de Cannes.
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